O clube espanhol Valencia CF expressou publicamente sua insatisfação em relação ao documentário “Baila, Vini”, lançado pela Netflix na última semana. A produção, que narra a trajetória do jogador brasileiro Vinícius Júnior, aborda também os casos de racismo que o atleta enfrentou durante partidas no estádio Mestalla, gerando uma onda de controvérsias.
Emissão de nota oficial e ameaça de ação judicial
Numa nota oficial divulgada na manhã desta segunda-feira (19), o Valencia se manifestou em defesa de seus torcedores, solicitando uma retificação imediata por parte da Netflix, alegando que o conteúdo “não corresponde à realidade”. O clube, demonstrando firmeza em sua posição, não descartou a possibilidade de recorrer à Justiça para resolver a questão, se necessário.
“Diante da injustiça e falsidades cometidas contra os torcedores do Valencia CF, o clube exigiu por escrito uma retificação imediata da produtora do documentário (Netflix) sobre o ocorrido no Mestalla, que não corresponde à realidade. A verdade e o respeito pelos nossos torcedores devem prevalecer. O Valencia CF se reserva ao direito de tomar medidas legais #RESPECT,”
Conteúdo do documentário e reações da torcida
O documentário “Baila, Vini” foca primeiramente nas agressões racistas que Vinícius Júnior sofreu em 2023. Desde a chegada do Real Madrid ao Mestalla, um clima de hostilidade era evidente, culminando em gritos de “mono” (“macaco” em espanhol) direcionados ao jogador. Na época, a diretoria do Valencia alegou que os torcedores estavam apenas chamando o jogador de “tonto”.
Em 2024, a situação no Mestalla voltou a ser tensa para Vini Jr, que também se viu envolvido em incidentes durante gravações do documentário, já de conhecimento público. O Valencia impediu a entrada da equipe da Netflix, um ato que foi comemorado por parte da torcida, demonstrando apoio à posição do clube. Os momentos de tensão são registrados em vídeo, e o documentário ainda trouxe a perspectiva de um jornalista local, que fez um depoimento sobre os eventos.
Impacto na imagem do clube
A controvérsia causada pelo documentário e a resposta do Valencia refletem uma preocupação maior com a imagem do clube e a percepção do público sobre o racismo no futebol. A repercussão negativa gera discussões acaloradas sobre a responsabilidade dos clubes em lidar com comportamentos racistas das torcidas. O Valencia, que já enfrentou críticas anteriormente por sua postura em relação a situações semelhantes, busca proteger seus torcedores, posicionando-se contra qualquer narrativa que considere injusta.
Resposta da Netflix e próximos passos
A reportagem do GLOBO buscou um posicionamento da Netflix sobre a reclamação do Valencia, mas até o momento não obteve resposta da plataforma de streaming. A ausência de um pronunciamento pode agravar a situação, elevando as tensões e criando um cenário favorável para que o clube siga com a ameaça de ações legais.
Em um momento onde a discussão sobre racismo no esporte se intensifica, episódios como o envolvendo Vinícius Júnior evidenciam a urgência em confrontar as atitudes racistas nas arquibancadas e buscar um ambiente mais respeitoso e inclusivo para todos os atletas. O desfecho deste imbróglio ainda é incerto, mas promete envolver não apenas as instituições diretamente relacionadas, mas também a opinião pública e outros órgãos desportivos.
À medida que novos desdobramentos surgirem, tanto a Netflix quanto o Valencia terão a oportunidade de apresentar seus argumentos, enquanto o debate sobre racismo e respeito no futebol segue em alta. O impacto deste documentário e as implicações da resposta do clube ao escândalo podem moldar a maneira como a narrativa sobre o racismo no esporte é abordada no futuro.