Nesta segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu ministros de Agricultura da União Africana no Palácio do Itamaraty. O encontro, que é parte do II Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural, ocorre em um momento crítico, especialmente em relação à recente confirmação de gripe aviária em uma granja no Rio Grande do Sul. Durante a reunião, Lula expressou sua insatisfação com os altos gastos em conflitos bélicos, como os casos da Faixa de Gaza e da Ucrânia.
Uma pauta de urgência: segurança alimentar
O foco da reunião se restringiu aos desafios enfrentados pelos países africanos e o papel fundamental que o Brasil pode desempenhar na luta contra a fome. Ao discursar, Lula apontou que a prioridade de muitos governos internacionais ainda é voltada para a guerra em detrimento do bem-estar das populações mais vulneráveis. “É muito triste saber que o mundo gastou, no ano passado, US$ 2,4 trilhões em armamento e conflitos e não teve a mesma coragem e ousadia de gastar isso ensinando as pessoas a plantar e a colher aquilo que a gente come em cada país”, disse o presidente.
Para Lula, o diálogo entre Brasil e África é essencial para compartilhar conhecimentos e recursos que podem ajudar a erradicar a fome. Ele destacou a importância da transferência de tecnologia e do investimento na agricultura familiar. “Imagina se o dinheiro que tá sendo gasto na guerra da Ucrânia com a Rússia estivesse sendo aplicado na produção de alimentos. O mundo seria outro”, enfatizou Lula.
Aumento de preocupación e a gripe aviária
O encontro ocorre em um contexto delicado, pois o Brasil está lidando com a detecção do primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial. Embora Lula não tenha abordado diretamente o tema durante o evento, a situação foi reforçada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Em maio, o ministério havia confirmado a presença do vírus H5N1 em aves silvestres no Espírito Santo, mas ressaltou que não havia risco de restrições comerciais.
Histórico da gripe aviária no Brasil
- Em maio de 2023, dois casos de aves marinhas infectadas foram identificados no litoral do Espírito Santo.
- Fávaro afirmou que as aves afetadas eram da espécie Thalasseus acuflavidus e não representavam risco de comércio internacional.
- No entanto, o cenário mudou com a recente descoberta em uma granja no Rio Grande do Sul.
- O ministério informa que a gripe aviária não é transmitida através do consumo de aves e ovos.
Expectativas em relação às exportações
O ministro Fávaro indicou que o Brasil poderia ser considerado livre da doença em 28 dias, caso não fossem identificados novos casos. “Se em 28 dias não houver nenhum outro caso confirmado no Brasil, nós podemos afirmar que o Brasil está livre de gripe aviária em todo o território nacional”, afirmou o ministro a jornalistas. No entanto, ainda há sete focos em investigação, que podem impactar o mercado internacional.
Importância do diálogo Brasil-África
O II Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, programado para ocorrer entre 20 e 22 de maio, busca promover a troca de experiências em produção agropecuária e aquícola e discutir alternativas para o financiamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Essa parceria busca estreitar laços e facilitar o comércio, especialmente com países como África do Sul e Angola, importantes importadores de produtos brasileiros.
Com um PIB conjunto de cerca de US$ 2,86 trilhões, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a União Africana representa uma oportunidade significativa para o Brasil. No entanto, a suspensão da importação de carne de aves pela África do Sul em resposta aos casos de gripe aviária no Brasil pode gerar preocupações no setor agropecuário.
O encontro no Itamaraty não apenas reforça a posição do Brasil na luta contra a fome e a insegurança alimentar, mas também ressalta a necessidade de uma colaboração internacional mais forte em tempos de crise.