Brasil, 19 de maio de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Relatório alerta sobre crises em países mais frágeis do mundo

Estudo inédito destaca problemas e propostas para melhorar a situação de 20 nações vulneráveis.

Um novo relatório, intitulado “The Last 20” (L20), foi apresentado nesta semana em Roma, com a proposta de iluminar as crises enfrentadas por 20 dos países mais frágeis do mundo. Com a participação de estudiosos, entidades religiosas e comunidades da diáspora de nações em dificuldades, o documento busca dar voz a histórias frequentemente esquecidas e chamar a atenção global para situações que requerem urgente atenção.

O início de um projeto transformador

A ideia deste projeto surgiu em 2021, durante a presidência italiana do G20, como uma resposta à necessidade de contrastar a narrativa das nações mais poderosas do mundo. O L20 tem como objetivo principal relatar as demandas e experiências das nações que enfrentam grandes desafios, como o Afeganistão, Haiti e Iémen. O projeto resulta de um trabalho de um ano de pesquisa e envolve um observatório de pesquisadores, comunidades e associações que examinou detalhadamente a situação socioeconômica desses países.

A lista das 20 nações analisadas inclui: Afeganistão, Burkina Faso, Burundi, Chade, Eritreia, Gâmbia, Haiti, Libéria, Madagascar, Malaui, Mali, Moçambique, Níger, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Serra Leoa, Somália, Sudão do Sul, Togo e Iémen. O relatório não é apenas uma denúncia, mas oferece análises profundas e propostas de soluções viáveis para os desafios enfrentados.

Os impactos do endividamento

Entre os principais obstáculos que essas nações enfrentam, o endividamento é um dos mais críticos. Segundo Ugo Melchionda, um dos editores do relatório, “os países do grupo L20 lidam com uma vulnerabilidade extrema, devido à forte dependência da ajuda externa”. A alta taxa de juros sobre a dívida externa força os governos a destinar recursos consideráveis apenas para a quitação de dívidas, prejudicando investimentos em serviços públicos essenciais.

Além disso, o gasto militar elevado também consome uma parcela significativa dos orçamentos, reduzindo os recursos disponíveis para áreas como saúde e educação. Essa dinâmica perpetua a condição de subdesenvolvimento e limita o potencial de crescimento desses países.

Crescimento desigual entre as nações

O crescimento econômico registrado entre os países do L20 é extremamente desigual. Por exemplo, o Níger e a República Democrática do Congo apresentaram taxas de crescimento significativas, impulsionadas pela extração de recursos naturais. Em contrapartida, outros, como o Haiti e o Sudão do Sul, enfrentaram retrações econômicas devido a conflitos e crises estruturais.

De acordo com o Global Hunger Index, a desnutrição continua a ser uma preocupação central. Enquanto países como Gâmbia e Burkina Faso apresentam alguma melhora nas taxas de desnutrição aguda, outros, como Níger e Iémen, ainda enfrentam sérios problemas. A desnutrição crônica atinge mais de 40% das crianças em nações como Afeganistão, Burundi e Níger.

Por outro lado, as taxas de alfabetização feminina melhoraram em alguns países, como Moçambique e Togo, graças ao aumento nos esforços de matrícula. Contudo, as dificuldades relacionadas à qualidade educacional persistem, exacerbadas pela falta de infraestrutura adequada e de recursos didáticos. Na área da saúde, a redução das taxas de mortalidade infantil em países como República Centro-Africana e Somália representa um avanço, mas ainda Below a média global.

Escutando as vozes do Sul Global

Os autores do relatório propõem uma reflexão: “que sentido faz multiplicar conferências e acordos sem ouvir a voz de quem vive esses dramas?”. A necessidade de escutar as experiências e desafios das pessoas na linha de frente das crises é uma das premissas centrais da pesquisa.

O Sul Global ainda se configura como uma área de conquista, frequentemente explorada em detrimento dos interesses de seus próprios cidadãos. Eulalia Guiliche, representante da comunidade moçambicana na Itália, apontou que a África continua sendo sacrificada aos interesses externos. Ela destaca que as grandes reservas de gás natural em Moçambique não trouxeram benefícios, mas sim discriminação e conflitos internos exacerbados. “Os interesses externos sempre vêm antes das pessoas”, afirma.

O Relatório Last20 não apenas identifica questões críticas, mas também pretende ressaltar a riqueza cultural e humana das populações que vivem nessas circunstâncias. Ao final de outubro, uma conferência internacional em Assis, organizada em colaboração com a associação Laudato si’, será uma plataforma para discutir a dívida dos países mais vulneráveis e explorar soluções que realmente considerem a voz dos ‘últimos’.”

O compromisso em ouvir e agir é fundamental para mudar o rumo dessas histórias e garantir um futuro melhor para as nações que mais necessitam de apoio.

Leia mais sobre o relatório e suas implicações [aqui](https://www.vaticannews.va/pt/mundo/news/2025-05/relatorio-the-last-20-roma-paises-mais-frageis-do-mundo-2025.html).

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes