A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda divulgou uma atualização importante que pode impactar o cenário econômico nacional. A projeção da inflação para o ano de 2025 foi revista para cima, passando de 4,9% para 5%. Essa nova expectativa ultrapassa o teto da meta inflacionária, que é de 4,5% segundo a política econômica vigente.
A nova projeção no Boletim Macrofiscal
As informações sobre essa elevação na projeção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foram apresentadas no Boletim Macrofiscal referente ao mês de maio, apresentado pela SPE nesta segunda-feira (19/5). Este relatório é crucial, pois traz as previsões de curto e médio prazo para os principais indicadores econômicos que influenciam a formulação orçamentária da União.
Segundo a SPE, essa alteração na projeção foi influenciada por “pequenas surpresas nas variações do índice em março, além de alterações marginais no horizonte econômico”. Além disso, a Secretaria acredita que uma queda na inflação será observada de maneira mais consistente apenas a partir de setembro deste ano.
“Apesar de a contribuição do cenário internacional para a inflação interna ser negativa a curto prazo, fatores como um crescimento marginal no primeiro trimestre e uma maior defasagem do repasse da apreciação cambial aos preços em um contexto de volatilidade tiveram impacto nas novas estimativas de inflação”, detalhou o relatório da SPE.
Inflação em abril
- Os preços de bens e serviços apresentaram um aumento de 0,43% em abril, o que representa a maior taxa para o mês desde 2023.
- A elevação foi puxada, principalmente, pelos grupos de Alimentação e Bebidas (0,82%) e Saúde e Cuidados Pessoais (1,18%). Contudo, houve uma desaceleração na inflação do IPCA de março para abril.
- No mês em questão, a inflação dos alimentos teve um impacto significativo no índice geral, contribuindo com 0,18 ponto percentual.
- Por outro lado, o setor de Transportes registrou deflação, especialmente devido à queda nos preços das passagens aéreas (-14,15%) e combustíveis (-0,45%).
Expectativas para 2026 e além
Para o ano de 2026, a projeção da inflação foi mantida relativamente constante, avançando de 3,5% para 3,6%. Esse índice ainda está dentro do intervalo de tolerância da meta inflacionária, que permanece em 4,5% para 2025.
Os especialistas do Ministério da Fazenda esperam que a inflação comece a convergir para o centro da meta a partir de 2027.
Em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que serve de referência para os reajustes do salário mínimo e benefícios sociais, a SPE também revisou a projeção deste ano, passando de 4,8% para 4,9%.
Inflação dos alimentos
O relatório do Macrofiscal revelou que a inflação dos alimentos subiu de 7,1% em fevereiro para 7,1% em abril. Os principais fatores foram a redução na deflação da batata e o aumento da inflação do café.
Além disso, os altos preços de tomate e laticínios contribuíram para essa escalada nos custos dos alimentos, mesmo com algumas frutas apresentando quedas nos preços, como o mamão, e o arroz tendo registrado deflação. A SPE ressalta que a safra recorde de grãos e a redução temporária de tarifas de importação do azeite impactaram esses números positivamente.
A meta de inflação e consequências
Em 2025, a meta inflacionária é de 3%, com um intervalo de variação de 1,5 ponto percentual — o que considera um piso de 1,5% e um teto de 4,5%. Essa meta será considerada cumprida se a inflação oscilar dentro desse intervalo. O Conselho Monetário Nacional decidiu manter a meta de inflação anual em 3% para 2025 e 2026.
A partir de 2025, a meta de inflação será contínua, em vez de ser estabelecida para um ano-calendário, o que significa que será avaliada mensalmente.
Se o acumulado nos 12 meses exceder esse intervalo por seis meses consecutivos, a meta será considerada descumprida. Atualmente, o IPCA acumula uma alta de 5,53% nos últimos 12 meses até abril e, seguindo esse ritmo, o Brasil pode enfrentar mais um ano com o descumprimento da meta inflacionária.
Estudos do mercado financeiro apontam que a inflação de 2025 deverá fechar em 5,50%, acima da meta estabelecida.
Projeções resumidas para 2025 e 2026
2025
- PIB real: 2,4%
- IPCA (inflação) acumulado: 5%
- INPC acumulado: 4,9%
- IGP-DI acumulado: 5,6%
2026
- PIB real: 2,5%
- IPCA (inflação) acumulado: 3,6%
- INPC acumulado: 3,5%
- IGP-DI acumulado: 4,9%
Com essas revisões e previsões, espera-se que a situação econômica do Brasil passe por um acompanhamento rigoroso nos próximos anos, tendo em vista os desafios impostos tanto pela inflação quanto pelas metas fiscais.