Brasil, 19 de maio de 2025
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Polícia Federal desmantela cartel que produzia ecstasy no Rio

Operação revela produção de drogas sintéticas em condições insalubres e utilização de adolescentes na fabricação em favelas do Rio.

A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) realizaram uma operação que revelou o funcionamento de um cartel criminoso especializado na produção e distribuição de drogas sintéticas, especificamente ecstasy, em favelas do Rio de Janeiro. O homem à frente do esquema, Vinícius da Silva Melo Abade, de 34 anos, foi preso e considerado o chefe do Cartel Brasil, que operava de forma clandestina e em parceria com o tráfico local.

O funcionamento do Cartel Brasil

A investigação indicou que o Cartel Brasil utilizava uma estrutura complexa para manter suas atividades. A organização montava laboratórios improvisados nas comunidades, onde a falta de condições seguras e higiênicas para a produção das substâncias estava evidente. Esses laboratórios eram equipados com insumos químicos adquiridos legalmente através de empresas de fachada, como perfumarias e barbearias, que disfarçavam a verdadeira finalidade de seus negócios.

Criação de empresas de fachada

Os criminosos estabeleceram empresas com aparência legal, regularizando CNPJ e endereços formais, o que permitia a compra de produtos químicos sem levantar suspeitas. Essas empresas disfarçavam a verdadeira natureza das operações: a fabricação clandestina de drogas. A aquisição de insumos como ácidos e precursores químicos era feita de maneira legal, dificultando a fiscalização e garantindo um fluxo constante de materiais.

Condições de trabalho perigosas

Os locais de produção eram descritos como insalubres, com trabalhadores manipulando substâncias químicas sem qualquer proteção. É alarmante notar que, segundo o delegado da PF, Samuel Escobar, muitos desses trabalhadores eram moradores da comunidade, que, por necessidade financeira, aceitavam trabalhar nas fábricas de ecstasy. Adolescentes também estavam envolvidos na produção, recrutados para tarefas variadas, desde pesar até embalar as drogas.

O processo de fabricação de ecstasy

A produção dos comprimidos era feita manualmente, sem seguir normas de segurança ou higiene. Trabalhadores misturavam substâncias químicas diretamente no chão, expostos a riscos enormes. Após a produção, as drogas eram prensadas com logotipos personalizados, como “Lula” e “Bitcoin”, para chamar a atenção dos consumidores e facilitar as vendas.

Distribuição e lavagem de dinheiro

A distribuição das drogas ocorria de maneira diversificada. Os pacotes saíam do Rio disfarçados como produtos legais através de transportadoras, ou eram levados fisicamente por pessoas conhecidas como “mulas”. Essas mulas eram recrutadas e pagas para transportar as drogas para outros estados em troca de dinheiro. A operação foi minuciosamente planejada, envolvendo até mesmo o recebimento dos pagamentos por meio de transferências bancárias e métodos como Pix, utilizando contas de laranjas para evitar rastreamentos.

Uma vez que as drogas eram vendidas, o dinheiro era rapidamente reinvestido em novos equipamentos, carros de luxo e abertura de novas empresas de fachada. Técnicas de lavagem de dinheiro, como o “smurfing”, eram empregadas para movimentar dinheiro de forma fracionada e evitar alertas de autoridades. A investigação iniciou um cerco ao cartel, trazendo à tona a complexidade e a audácia das operações criminosas.

Impacto da operação

A prisão de Vinícius Abade representa um importante passo no combate ao tráfico de drogas e à produção de substâncias ilegais no Brasil. Com a desarticulação de organizações como o Cartel Brasil, a Polícia Federal espera não apenas reduzir a oferta de drogas sintéticas, mas também desmantelar as estruturas que permitem o recrutamento de jovens e a exploração de pessoas em situações vulneráveis. A operação evidencia a necessidade de um olhar mais atento para as comunidades onde a criminalidade se enraíza em meio à falta de oportunidades econômicas e sociais.

A luta contra o narcotráfico no Brasil é uma batalha que demanda esforços contínuos, e ações como essa reforçam a importância da colaboração entre as diferentes esferas de segurança pública. A sociedade deve ser mobilizada não apenas para apoiar as operações, mas também para promover alternativas de desenvolvimento e inclusão nas áreas mais afetadas pela criminalidade.

Para mais detalhes sobre essa investigação e seus desdobramentos, visite a reportagem completa no G1.

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