A previsão do mercado financeiro para o crescimento da economia em 2025 foi elevada de 2% para 2,02%, de acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (19), em Brasília. Essa pesquisa semanal, realizada pelo Banco Central (BC), capta as expectativas de instituições financeiras sobre os principais indicadores econômicos do Brasil, oferecendo um panorama importante para a formulação de políticas e decisões financeiras.
Expectativas para o crescimento do PIB
Para 2026, a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) – que representa a soma dos bens e serviços produzidos no país – ficou em 1,7%. Para os anos de 2027 e 2028, o mercado financeiro estima uma expansão do PIB de 2% para cada um desses anos. O crescimento de 2024, que foi de 3,4%, representa o quarto ano seguido de crescimento econômico, sendo a maior expansão desde 2021, quando o PIB alcançou um impressionante 4,8%.
Impacto da cotação do dólar
A previsão da cotação do dólar também foi atualizada, com estimativas indicando que a moeda norte-americana deve encerrar 2025 em R$ 5,82. Para o final de 2026, os especialistas projetam que o dólar deve ser cotado a R$ 5,90. Essas flutuações cambiais podem ter um impacto significativo nas importações e exportações brasileiras, influenciando assim a dinâmica econômica do país.
Inflação sob análise
A estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – que serve como a inflação oficial do Brasil – para 2025 foi ajustada de 5,51% para 5,5%. Essa é a quarta queda consecutiva nas expectativas do mercado financeiro em relação ao IPCA, indicando uma possível desaceleração na alta de preços. Para 2026, a projeção da inflação ficou em 4,5%, enquanto para 2027 e 2028, as previsões são de 4% e 3,8%, respectivamente.
Vale destacar que a estimativa para 2025 está acima do teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central. Conforme definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual, o que significa que o limite superior é de 4,5%. Em abril, a inflação oficial fechou em 0,43%, sendo pressionada principalmente pelos preços dos alimentos e produtos farmacêuticos, representando uma desaceleração pelo segundo mês consecutivo após um pico em fevereiro.
Taxa de juros e suas implicações
O Banco Central utiliza a taxa básica de juros, conhecida como Selic, como seu principal instrumento para alcançar a meta de inflação. Atualmente, a Selic está fixada em 14,75% ao ano. Este aumento nas taxas foi uma resposta à alta nos preços dos alimentos e da energia, além das incertezas em torno da economia global. O Comitê de Política Monetária (Copom) já efetuou seis aumentos consecutivos na Selic, e sua próxima reunião, agendada para junho, promete analisar um cenário de alta incerteza.
Os especialistas do mercado financeiro avaliam que a taxa básica deverá permanecer em 14,75% ao ano até o final de 2025, mas esperam uma queda para 12,5% ao ano no final de 2026. Para 2027 e 2028, as expectativas são de um novo recuo para 10,5% e 10% ao ano, respectivamente. Esse movimento nas taxas de juros é crucial, pois impacta diretamente na oferta de crédito, nos custos de financiamento e, consequentemente, no crescimento econômico.
Quando a Selic é elevada, uma das justificativas é conter uma demanda aquecida, já que juros mais altos encarecem o crédito e incentivam a poupança, podendo dificultar a expansão da economia. Por outro lado, a redução da taxa Selic tende a baratear o crédito, estimulando tanto a produção quanto o consumo, o que pode levar a um aumento na atividade econômica, embora traga consigo riscos de inflação.
A constante variação entre elevar e reduzir a taxa Selic é um desafio enfrentado pelo Banco Central na busca por equilibrar crescimento econômico com controle inflacionário.
Conforme as expectativas para os próximos anos se concretizam e a economia brasileira navega por este mar de incertezas, observaremos a reação das instituições financeiras, dos consumidores e do governo às novas projeções, que moldarão o futuro econômico do Brasil.