Brasil, 19 de maio de 2025
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General freire gomes nega ter dado voz de prisão a bolsonaro

Em audiência no STF, o ex-comandante do Exército desmente alegações sobre tentativa de golpe.

No contexto das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil, o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, fez declarações importantes durante uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele negou ter dado voz de prisão ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), desafiando as afirmações do brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, que havia alegado que Freire Gomes teria ameaçado prender Bolsonaro em um momento decisivo de instabilidade política.

A desconfiança sobre as acusações

Freire Gomes participou da primeira audiência das testemunhas de acusação no chamado “núcleo 1” da trama golpista. Ao responder a perguntas, ele afirmou categoricamente: “A mídia até reportou que eu teria dado voz de prisão ao presidente, não aconteceu isso de forma alguma. Acredito que houve uma má-interpretação durante nossas conversas”. Esse ponto foi central, dado o clima tenso que envolve o caso.

Durante sua declaração, o general revelou que Bolsonaro chegou a discutir durante reuniões a possibilidade de um levantamento sobre a aplicação da Garantia da Lei e Ordem (GLO), além de questionar sobre uma eventual intervenção na constitucionalidade. Freire Gomes alertou a Bolsonaro sobre os riscos jurídicos de tal ação, dizendo que se ele ultrapassasse os limites legais, não poderia contar com o apoio do Exército e estaria sujeito a consequências legais.

Almir Garnier e suas intenções

O depoimento de Freire Gomes também levantou questões sobre o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos. Segundo Freire, Garnier havia oferecido as tropas a Bolsonaro para ações relacionadas ao que poderiam ser tentativas de golpe, mas ele mesmo se mostrou confuso sobre a real intenção do almirante. Em uma interação direta com o ministro Alexandre de Moraes, Freire respondeu a uma acusação de mentira, reiterando que sua perspectiva não era de omitir informações, mas de interpretar ações de acordo com o contexto.

A audiência e as testemunhas

Além de Freire Gomes, a audiência contou com a participação de outras testemunhas convocadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Estas incluíram analistas e coordenadores da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que relataram interferências diretas em operações de fiscalização durante as eleições de 2022. Um dos analistas, Adiel Pereira Alcântara, destacou como o então diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, agiu de maneira imprópria ao direcionar policiamento em áreas estratégicas, associando a instituição a interesses pessoais e não a princípios de Estado.

Clebson Ferreira de Paula Vieira, outro analista presente, expressou sua preocupação com a pressão da cúpula para coletar informações sobre regiões específicas onde Bolsonaro não teve êxito eleitoral. Ele mencionou a “perplexidade” diante do clima de “desespero” que havia na gestão da PRF.

A trajetória das investigações

As oitivas e depoimentos coletados fazem parte de uma investigação mais ampla sobre as ações que ocorreram em torno das eleições e as tentativas de deslegitimar os resultados. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que também seria ouvido, acabou por ter sua convocação cancelada pela PGR, com a decisão de não incluir seu depoimento nas audiências daquela data. O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, teve seu depoimento remarcado para o dia 21 de maio, o que reforça a complexidade da situação e a continuidade das investigações.

O desfecho das oitivas de todas as 82 testemunhas do núcleo 1 deve acontecer em 2 de junho, seguindo um cronograma que inicialmente prioriza as testemunhas de acusação, antes de passar para a defesa. À medida que os processos avançam, as declarações e depoimentos ganham relevância em um contexto onde a democracia e o Estado de Direito estão sob vigilância intensa da sociedade e das instituições.

Este é um momento crucial para a compreensão da participação de altos oficiais e ex-presidentes, bem como da necessidade de transparência e responsabilidade na política brasileira.

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