Enquanto se desenham acordos para a construção de candidaturas ao governo do Rio de Janeiro nas eleições de 2026, os principais aspirantes à sucessão de Cláudio Castro enfrentam problemas na Justiça — uma situação que já exigiu mudanças drásticas nos planos eleitorais do atual governador nas eleições de 2022. A luta judicial ainda impacta as candidaturas de Washington Reis (MDB), Rodrigo Bacellar (União) e Thiago Pampolha (MDB), cada um com suas particularidades que influenciam as movimentações no cenário político.
Requisitos jurídicos complicam a situação de Washington Reis
A candidatura de Washington Reis está entre as mais complexas. O ex-prefeito de Duque de Caxias, que governou a cidade por dois mandatos e meio, está enfrentando um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) que o declarou inelegível devido a uma condenação por crime ambiental. Atualmente, o placar está três a um contra Reis, mas o pedido de vista do ministro Gilmar Mendes oferece uma nova oportunidade para a análise do caso. Reis, que agora ocupa o cargo de secretário estadual de Transportes, se declarou candidato: “Sou um cara injustiçado, mas confio na Justiça e no bom senso das pessoas de bem. Sou candidato a governador”, afirmou ele.
O histórico de Reis e sua posição política no segundo maior colégio eleitoral do estado são ativos relevantes, além do seu contato próximo com a família Bolsonaro. Apesar de sua lealdade ao governador Cláudio Castro, Reis está determinado a colocar suas cartas à mesa, sem se limitar a apoiar um eventual projeto de Bacellar.
Os desdobramentos de Rodrigo Bacellar
Rodrigo Bacellar, presidente da Assembleia Legislativa e uma das figuras mais promissoras para a corrida ao governo, também navega em águas turbulentas. O jovem político de 38 anos se destaca não apenas por sua idade, mas pela possibilidade de assumir um papel ainda mais relevante na política do estado. Caso o vice-governador Thiago Pampolha opte por deixar a corrida e ingresse no Tribunal de Contas do Estado (TCE), Bacellar poderá pavimentar sua estrada para 2026, sem o peso de uma concorrência interna.
Ainda assim, os dois políticos enfrentam batalhas judiciais relacionadas à acusação de abuso no poder político e econômico, que está pendente de apreciação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A Procuradoria está tentando cassar os mandatos de Castro, Bacellar e Pampolha, em um processo que busca resolver supostos desvios de quase R$ 1 bilhão em projetos de fundações públicas.
Possíveis mudanças com a escolha de Thiago Pampolha
Thiago Pampolha, que ainda reflete sobre sua candidatura, é visto como um dos principais aliados de Castro. Com 45 anos, sua possível escolha para o TCE pode ser interpretada como um recuo estratégico, considerando a vitaliciedade e a remuneração atrativa do cargo. Pampolha já descartou qualquer relação entre sua possível saída do cargo de vice-governador e pressões sobre sua família, que possui um extenso patrimônio na área de combustível, mas sua decisão sem dúvida altera as dinâmicas eleitorais para 2026.
A ausência de Pampolha na corrida ao governo abre espaço para que Bacellar se fortaleça, porém pode também significar um renascimento dos planos de Reis, dependendo de desdobramentos judiciais. A interdependência entre esses candidatos e seus posicionamentos estratégicos destaca as fraquezas e forças de suas respectivas campanhas.
Desdobramentos e expectativas eleitorais
Com a prisão dirimida de Pampolha, Bacellar agora aparece como uma figura-chave na linha sucessória, criando um cenário competitivo marcado por necessidade de alianças e enfrentamentos diretos. O presidente da Alerj não esconde seu receio de que, apenas no poder, ele possa garantir uma real chance de vencer ao se posicionar contra o prefeito Eduardo Paes (PSD), uma figura proeminente nas eleições municipais. O prazo para que Castro se desincompatibilize do cargo para a disputa ao Senado se aproxima, fazendo com que as especulações sobre sua saída fiquem mais intensas.
Além de Reis, Bacellar e Pampolha, outros candidatos e figuras políticas também estão atentos ao desenrolar dessas questões judiciais e às consequências na formação de alianças para 2026. As eleições podem mudar de rosto dependendo de como a Justiça decidir sobre os recursos e as pendências existentes.
Com esses deslizamentos e mudanças em potencial, o panorama da corrida ao governo do Rio continua em constante evolução, e as decisões futuras poderão redefinir o espaço político do estado.