A cerimônia de beatificação do sacerdote diocesano Camille Costa de Beauregard, realizada em Chambery, França, no último sábado, 17 de maio, trouxe à tona a mensagem de que a santidade é acessível a todos. O arcebispo da cidade, dom Thibault Verny, enfatizou que a verdadeira grandeza se revela no serviço humilde, em oposição aos valores de força e sucesso que predominam na sociedade contemporânea.
Reflexões sobre a fé e a santidade no mundo atual
Durante a missa, presidida pelo núncio apostólico Celestino Migliore em representação do Papa Leão XIV, dom Verny comentou sobre o Evangelho de Marcos. Ele salientou a importância de Jesus identificar-se com as crianças, que eram vistas como insignificantes na época, e a mensagem de que o que se faz aos pequenos, faz-se a Ele. Essa reflexão é especialmente relevante em uma era que prioriza o poder e os resultados, frequentemente esquecendo aqueles que mais necessitam.
Camille, que viveu entre os séculos XIX e XX, dedicou sua vida a cuidar das crianças órfãs afetadas pela epidemia de cólera. O arcebispo ressaltou que ele não guardou seu tesouro de fé para si, mas o compartilhou desinteressadamente com os que estavam ao seu redor, tornando-se um “Evangelho vivo” do amor de Jesus. Esta é uma mensagem poderosa em tempos onde o individualismo predominante pode obscurecer as necessidades coletivas.
Serviço e humildade: caminhos para a grandeza
Na homilia, dom Verny observou que a santidade não é um destino exclusivo de “extraterrestres”, mas algo acessível a todos, que se manifesta na fidelidade ao Evangelho em ações cotidianas. Ele encorajou os presentes a perceber que, por meio de pequenas ações, é possível tocar vidas e trazer esperança a quem mais precisa.
“Camille não era um extraterrestre”, reiterou o arcebispo, sublinhando que sua santidade era fruto de sua conexão com as realidades humanas. Ele se deixava tocar pelas pequenas coisas do dia a dia, demonstrando que essa vulnerabilidade pode revelar a presença do divino em nosso cotidiano. Camille não apenas cuidou das crianças, mas também mostrou a urgência de dar a elas uma visão de futuro e esperança, abordando-as com o olhar de Jesus.
O chamado à humanidade em tempos de desafios
O convite do arcebispo se estendeu a todos, sugerindo que não devemos desprezar nossa humanidade, mas, pelo contrário, cuidar dela “do início ao fim”. Este é o caminho para um discipulado autêntico, que reconhece as dificuldades do mundo, mas ainda busca transformar vidas pela fé e pelo amor.
“O Evangelho não é um conto de fadas”, enfatizou dom Verny, lembrando que se trata de uma realidade que tem o potencial de transformar nossas vidas. Assim, a beatificação de Camille Costa de Beauregard não é apenas um reconhecimento de sua vida e obra, mas também um apelo a todos nós para que busquemos refletir esses valores de fé, humildade e serviço. Em um mundo onde somos constantemente bombardeados por ideais de sucesso e poder, relembrar a importância de servir os humildes e os necessitados é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e solidária.
A beatificação de Camille serviu como um lembrete de que cada um de nós tem o poder de fazer a diferença nas vidas dos outros por meio de atos simples de bondade e serviço, reforçando a ideia de que a santidade é, de fato, acessível a todos.
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