Brasil, 18 de maio de 2025
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Aumento de recuperações judiciais e reestruturações em 2025

Expectativa é que pedidos de recuperação judicial cresçam com incertezas econômicas e tarifas externas.

O cenário econômico brasileiro para 2025 promete ser desafiador, marcado por incertezas internacionais e um ambiente financeiro cada vez mais restritivo. Com isso, especialistas preveem um aumento significativo nos pedidos de recuperação judicial, extrajudicial e na reestruturação de dívidas. Os principais fatores incluem as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, juros elevados e a desaceleração da economia global.

A influência das tarifas de Trump e juros elevados

A imposição de tarifas pelo presidente Trump, anunciadas no início de abril, levantou preocupações sobre a economia dos Estados Unidos e suas possíveis consequências para o Brasil. As tarifas podem resultar em inflação, elevando os preços de insumos e produtos, o que poderia forçar o Federal Reserve, o banco central dos EUA, a aumentar ainda mais os juros. Esse cenário de juros elevados não apenas dificulta o acesso ao crédito, mas também traz incertezas que afetam a confiança dos investidores.

Como resultado, a saúde financeira das empresas brasileiras se deteriorou e, segundo Osana Mendonça, sócia de recuperação judicial da KPMG, muitas companhia enfrentam problemas para obter financiamento: “Existem muitas companhias que precisam de capital, mas não conseguem captar com os juros atuais”.

O aumento nas recuperações judiciais

De acordo com os últimos dados da RGF Consultoria, o número de empresas em recuperação judicial chegou a 4.568 no último trimestre de 2024, um aumento de 12,9% em comparação ao ano anterior. Esse crescimento é um sinal de que muitas empresas estão lutando para sobreviver em um ambiente econômico adverso. Rodrigo Gallegos, sócio especialista em reestruturação da consultoria, destacou que “2025 trará ainda mais dificuldades, especialmente devido a fatores externos, como a guerra entre Rússia e Ucrânia”.

Os setores mais afetados

O agronegócio, tradicional motor da economia brasileira, tem sido um dos setores mais impactados. A interação entre fenômenos climáticos e uma gestão financeira deficiente resultou em um aumento significativo da demanda por processos de recuperação judicial. Mendonça explica que apesar de estímulos governamentais, muitos produtores rurais enfrentam problemas de caixa, sendo forçados a solicitar auxílio judicial.

Além disso, setores como varejo, energia e até clubes de futebol também foram afetados. Em 2024, empresas conhecidas como Bombril, Gol Linhas Aéreas e Casas Bahia foram algumas das que buscavam recuperação. No cenário esportivo, clubes como Cruzeiro e Botafogo enfrentaram dificuldades, refletindo a crise mais ampla no comércio exterior.

Perspectivas para o futuro

Os especialistas alertam que 2025 deverá ser um ano marcado pelo aumento da reestruturação e dos pedidos de recuperação. Este aumento não se deve apenas a fatores externos, mas também a uma mudança na percepção das empresas, que consideram esses processos como alternativas eficientes para a quitação de dívidas. A recuperação extrajudicial, que ocorre sem a supervisão do Judiciário, tornou-se uma escolha popular por sua agilidade e menos burocracia.

O que é recuperação extrajudicial?

A recuperação extrajudicial possibilita que as empresas tratem diretamente com seus credores, o que pode levar a soluções mais rápidas para problemas financeiros. Segundo Juliana Biolchi, diretora-geral de um escritório especializado, “muitas empresas optam pela recuperação extrajudicial porque é possível resolver partes específicas da dívida”. Isso demonstra uma nova estratégia do empresariado brasileiro, que agora busca não apenas sobrevivência, mas também crescimento e reestruturação eficiente.

À medida que os empresários se adaptam a essas realidades, é provável que o Brasil observe um amadurecimento nas operações de fusão e aquisição, além de novas parcerias e investimentos. Mendes destaca que “vimos que os empresários estão mais abertos a se desfazerem de ativos em busca de liquidez”. Essas mudanças fundamentais podem não apenas ajudar as empresas a se reestruturarem, mas também trazer novos investidores e soluções inovadoras para os desafios financeiros que enfrentam.

Com tantas incertezas e desafios, é crucial que as empresas brasileiras se preparem para um ano difícil, mas repleto de oportunidades de reaquisição e adaptação às novas condições de mercado.

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