Marcado para acontecer neste domingo em Salvador, o show de rock da banda Bozokill, que se descreve como “antidireita” e contrária ao bolsonarismo, mudou de endereço após ser alvo de críticas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na semana passada, o deputado estadual Diego Castro (PL-BA) publicou um vídeo nas redes sociais no qual criticava o governo estadual por supostamente apoiar a apresentação musical.
A polêmica em torno do show
O logo do governo da Bahia constava em um primeiro cartaz de divulgação do evento, que era capitaneado pela banda punk Surras e tinha a Bozokill como atração secundária. A apresentação estava programada para ocorrer no Largo Tereza Batista, um espaço conhecido na cena cultural de Salvador. No entanto, após a repercussão negativa, um novo cartaz foi divulgado, informando a alteração do local do espetáculo, que agora será em uma casa de shows.
No vídeo publicado no dia 6, Diego Castro ressaltou que já havia ajuizado uma ação contra o governo por conta da apresentação da banda. Ele associou o caso à declaração do governador Jerônimo Rodrigues (PT), que provocou polêmica ao insinuar que bolsonaristas deveriam ir “para a vala”.
— Da minha parte, não restam dúvidas de que a perseguição aos conservadores por parte do governo do estado do PT está institucionalizada. O que eu quero dizer com isso? Financiamento a, por exemplo, bandas como essa chamada Bozokill. Se vocês traduzirem, (o nome da banda) vai se referir à morte de Bolsonaro. Banda essa que está tendo financiamento do governo do estado — afirmou Castro na ocasião.
A resposta do governo da Bahia
Procurado, o governo da Bahia não se manifestou sobre o caso. A banda Bozokill é conhecida por suas músicas polêmicas, como “Dá para desapertar o 17?”, “Mate um minion hoje”, “Não queira Bolsonaro não” e “O Xandão do STF tá fazendo o maior sucesso”. Essas letras confirmam sua posição contrária ao bolsonarismo e geram reações diversas nas redes sociais.
Nas plataformas digitais, o grupo divulgou um vídeo anunciando a mudança de local do show, acompanhado de comentários que refletem a tensão política atual. No início do mês, em um evento de inauguração de uma escola estadual, o governador Jerônimo Rodrigues causou polêmica ao criticar Jair Bolsonaro pela sua postura durante a pandemia de Covid-19.
— Tivemos um presidente que sorria das pessoas que estavam morrendo, que não podiam respirar. Ele vai pagar por isso. Quem votou nele podia pagar também. Bota uma enchedeira… sabe o que é? Uma retroescavadeira. Bota e leva tudo para a vala! — declarou Jerônimo, gerando uma onda de protestos e apoiadores polarizados.
A repercussão das declarações do governador
Apesar de ter pedido desculpas pelo tom de sua declaração, as palavras de Jerônimo já haviam repercutido de forma significativa. O deputado Diego Castro apresentou uma representação ao Supremo Tribunal Federal (STF), acusando o governador de abuso de autoridade e discurso de ódio. Além disso, o deputado federal Otoni de Paula (MDB) e a direção nacional do PL acionaram a Procuradoria-Geral da República (PGR) exigindo providências.
Esse embate entre artistas e políticos reflete uma polarização crescente no Brasil, onde expressões culturais e artísticas frequentemente se tornam palco de batalhas ideológicas. O caso da banda Bozokill é um exemplo claro de como a música se insere nesse contexto conturbado, levantando debates sobre liberdade de expressão e a influência do discurso político na cultura.
Com a mudança de endereço em um clima de controvérsias, o show promete atrair tanto fãs da banda quanto opositores, todos ansiosos para assistir ao resultado desse embate entre arte e política. A diretoria da Bozokill reafirma sua intenção de manter a mensagem crítica em suas performances e espera que o novo local seja apropriado para receber o público, independentemente das controvérsias que o cercam.
O próximo passo para a banda e seu público será ver como a situação evolui e qual será o impacto do show em Salvador sobre a cena musical e política local.