Após uma audiência conturbada no Senado, o ministro da Previdência, Wolney Queiroz (PDT), está prestes a enfrentar um novo desafio. Ele deve comparecer à Câmara dos Deputados em um momento delicado, pois a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) se prepara para votar, na próxima semana, um pedido de convocação para que ele explique o esquema de fraudes detectado no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
A urgência da convocação
A ideia de convocar Wolney Queiroz foi compartilhada pelo presidente da CFFC, deputado Bacelar (PV/BA), que já se manifestou a interlocutores sobre a necessidade de esclarecer os recentes acontecimentos. A comissão pretende promover uma sessão deliberativa que incluirá a votação de requerimentos de convite e convocação. Na terceira-feira (21/5), está agendada uma audiência com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), o que pode tornar o dia propício para a votação da convocação do ministro da Previdência.
Na audiência da semana anterior, Wolney Queiroz enfrentou um intenso debate no Senado, onde ocorreram trocas de acusações, principalmente com o senador Sergio Moro (União-PR). O senador questionou o ministro sobre a persistência do esquema até 2025, enquanto Queiroz defendeu-se, afirmando que os desvios começaram durante o governo anterior de Jair Bolsonaro, período em que Moro atuou como ministro da Justiça.
Questionamentos na Câmara
Na Câmara, Wolney será pressionado a esclarecer quais são os planos do governo Lula para devolver aos aposentados e pensionistas o dinheiro desviado pelas entidades envolvidas no esquema. O ministro citou que “o presidente determinou que os fraudadores serão os responsáveis pelo ressarcimento dos aposentados”, destacando que já foram identificados e bloqueados R$ 2,5 bilhões. Ele também expressou esperança de que as investigações em andamento possam resultar na recuperação de mais recursos.
A preocupação com a transparência na gestão da Previdência Social e a necessidade de responsabilização dos envolvidos nas fraudes têm gerado pedidos de convocação de Queiroz em outros colegiados, incluindo o de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa. O deputado Evair de Melo (PP-ES) argumentou que foi alertado sobre indícios de irregularidades na reunião do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) em que Wolney esteve presente como secretário-executivo.
Repercussão e expectativas
O presidente da Comissão de Fiscalização e Controle do Senado, Dr. Hiran (PP-RR), afirmou à Metrópoles que é essencial “dar respostas mais efetivas” no caso das fraudes do INSS. Ele destacou que, apesar da pressão, o ministro apresentou um desempenho razoável durante a audiência. Contudo, a expectativa é de que na Câmara ele enfrente questionamentos ainda mais rigorosos e que esclarecimentos sobre a situação dos aposentados sejam exigidos.
Wolney Queiroz, que é ex-deputado federal e foi secretário-executivo da pasta antes de assumir o ministério após a saída de Carlos Lupi, está sob o olhar atento tanto do Congresso quanto da sociedade. Após a operação da Polícia Federal que desencadeou a queda de Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS, a pressão pela transparência e ação efetiva no combate à corrupção é maior do que nunca.
Enquanto as investigações prosseguem e novas audiências se aproximam, a expectativa é de que a presença do ministro na Câmara não apenas revitalize o debate em torno da Previdência, mas também ofereça um caminho para a recuperação de recursos que são de direito dos aposentados e pensionistas brasileiros.