Brasil, 17 de maio de 2025
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Brasil registra menor número de nascimentos desde 1976

O Brasil enfrenta desafios devido ao envelhecimento da população e queda da natalidade, impactando o mercado de trabalho e a previdência.

Em 2023, o Brasil alcançou uma marca alarmante: o menor número de nascimentos desde 1976. Segundo dados do IBGE, foram registrados apenas 2.518.039 nascimentos, refletindo uma queda de 0,8% em relação ao ano anterior. Especialistas apontam que essa tendência é resultado de mudanças sociais e demográficas que afetam diretamente o mercado de trabalho e o sistema previdenciário.

A queda da natalidade e suas consequências

O fenômeno da diminuição do número de nascimentos no Brasil não é recente. Trata-se de uma mudança cultural nas famílias, onde a decisão de ter filhos vem sendo cada vez mais adiada ou até mesmo descartada pelas novas gerações. Com isso, a reposição da força de trabalho se torna um desafio e, segundo Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, é possível observar que “à medida que a população brasileira envelhece, a força de trabalho também envelhece”.

Os dados mostram que a participação de jovens entre 14 e 17 anos na força de trabalho caiu 15% nos últimos 12 anos, enquanto a parcela de trabalhadores com 40 anos ou mais aumentou 35%. Essa mudança altera não apenas o perfil do mercado de trabalho, mas também a dinâmica das contribuições para a Previdência Social.

Desafios para a previdência social

Com o aumento da expectativa de vida, que atingiu 76,4 anos em 2023, e a diminuição da natalidade, a necessidade de reformas na Previdência Social se torna premente. A pesquisadora Janaína Feijó, do FGV Ibre, explica que o modelo previdenciário adotado no Brasil, conhecido como “sistema previdenciário solidário”, exige que as gerações mais jovens sustentem as mais velhas. No entanto, à medida que a base da população jovem se estreita, a pressão sobre o sistema se intensifica.

Um relatório global da Allianz sobre sistemas previdenciários mostra que o Brasil está próximo do fundo do ranking global, com uma pontuação de 4,2. Isso indica a urgência de reformas, uma vez que menos da metade da população em idade ativa está coberta pelo sistema previdenciário. A falta de serviços financeiros adequados e a desigualdade na distribuição de riqueza também complicam a situação.

Impactos no mercado de trabalho e salários

Ainda que o envelhecimento da força de trabalho sugira um aumento na experiência dos trabalhadores, isso não necessariamente se reflete em uma elevação dos salários médios. “Os rendimentos estão mais relacionados à produtividade e à educação”, comenta Imaizumi. Enquanto há um avanço nos níveis educacionais, a competição por empregos melhores se intensifica e exige que os trabalhadores mais velhos se adaptem às mudanças do mercado.

Em vista disso, as indústrias estarão em busca de profissionais com habilidades tecnológicas, o que significa que é vital para os trabalhadores mais experientes buscarem capacitação contínua. “Empregos do futuro estarão voltados para tecnologia e, portanto, a educação e requalificação se tornam indispensáveis”, destaca Feijó.

Um futuro incerto para aposentadorias

O cenário de transformação demográfica também deve impactar o conceito de aposentadoria no Brasil. Com a crescente razão de dependência de idosos – projetada para passar de 16% para 36% em 25 anos – e a baixa idade de aposentadoria, as reformas se tornam indispensáveis. As condições atuais indicam que os déficits orçamentários poderão quadruplicar nas próximas décadas, exigindo decisões difíceis sobre o futuro da Previdência Social.

O economista Bruno Imaizumi enfatiza a necessidade de discutir reformas que “acabem com os privilégios de grupos favorecidos” e que abordem questões como a idade de aposentadoria, tempo de contribuição e informalidade no mercado de trabalho. “O cenário é crítico e exige uma nova abordagem”, conclui.

Diante da complexidade da situação, as transformações no Brasil exigem um trabalho conjunto entre governo e sociedade para enfrentar os desafios impostos pelo envelhecimento populacional e a queda da natalidade, garantindo um futuro estável e sustentável.

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