Recentemente, tive a oportunidade de visitar a Argentina, poucos dias após a posse do presidente Javier Milei. Essa situação me permitiu fazer uma análise detalhada do cenário econômico e político do país vizinho, que vem passando por significativas transformações. Neste artigo, compartilho minhas observações sobre o que vi e como a Argentina tem avançado sob a administração de Milei, bem como os desafios que ainda enfrenta.
A situação econômica no início de 2023
Ao chegar na Argentina, o primeiro sentimento que me veio à mente foi a incerteza. Com um histórico de presidentes não peronistas que enfrentaram dificuldades para concluir seus mandatos, a expectativa em torno de Milei era elevada, mas acompanhada de ceticismo. A inflação disparada e a instabilidade econômica herdadas do governo anterior criavam um ambiente desafiador.
Mas o que realmente me surpreendeu foi a capacidade do novo governo de provocar mudanças drásticas. Um ano e meio depois, é possível traçar um balanço da administração de Milei, que conseguiu conquistar diversos resultados positivos. Um dos principais pontos foi a queda da inflação, que, após ter alcançado 26% mensais no início de sua gestão, foi reduzida para uma faixa entre 2% e 4%. Esse controle da inflação é um dos aspectos mais notórios que a população sentiu no dia a dia.
Os avanços da gestão de Milei
Além da inflação controlada, outro resultado significativo foi a estabilidade do dólar paralelo. Este é um fator crucial em um país que já testemunhou a queda de vários ministros da Fazenda devido à volatilidade cambial. Desde o início da gestão Milei, a cotação do dólar paralelo tem se mantido em níveis relativamente controlados, um sinal de que as políticas econômicas adotadas estão começando a surtir efeito.
Outro aspecto que me chamou a atenção durante minha visita foi o resultado fiscal. Em janeiro de 2024, muitos duvidavam da capacidade do novo governo em ajustar o gasto público. No entanto, o governo de Milei conseguiu entregar resultados positivos mês após mês, o que é encorajador diante da crise fiscal enfrentada pelo país.
Apoio popular e a dinâmica social
Outro ponto fundamental é o apoio popular que Milei mantém. Apesar de algumas oscilações, sua aprovação nunca caiu abaixo de 40% a 45% — uma marca bastante significativa dada a magnitude das reformas que estão sendo implementadas.
Historicamente, a rua desempenha um papel crucial na política argentina, e as gestões anteriores tiveram dificuldades para lidar com manifestações. Milei, ao contrário, adotou uma abordagem que mescla cortes de recursos e dissuasão policial, conseguindo, até agora, controlar a agitação social de maneira eficaz. Essa estratégia reflete uma clara resposta ao que muitos argentinos estavam esperando: uma política de “lei e ordem”.
Desafios persistentes
Apesar das conquistas, certos desafios ainda permanecem. O ajuste fiscal teve seu lado sombrio, refletido na queda real de 14% das aposentadorias em 2024, evidenciando o custo social das reformas. Além disso, a valorização do câmbio trouxe consigo o risco de tornar a Argentina um país caro para seus cidadãos. Esse cenário pode lembrar os erros do passado durante a conversibilidade da década de 1990.
Além disso, em um contexto de intensa polarização, a figura de Milei como “antipolítico” traz tanto oportunidades quanto riscos. Sua administração, a princípio vista com esperança, pode encontrar resistência se o custo social das suas políticas se manter elevado.
Considerações finais
Por fim, a situação da Argentina sob a presidência de Javier Milei é um mix complexo de esperanças e desafios. O país parece estar em uma encruzilhada, onde as ações de Milei terão um impacto significativo em seu futuro político e econômico. Com uma política que se revela, até agora, eficaz, mas que também provoca desafios sociais, restará observar como o presidente conseguirá equilibrar esses diferentes interesses nos meses vindouros.
Sem dúvida, a Argentina é um país em transformação, e é importante acompanhar de perto as próximas etapas dessa gestão. Em breve, abordarei o “lado escuro da Lua” do governo Milei, para entender melhor os desafios que podem surgir nesse caminho.
