As águas do Rio Guaíba baixaram, mas as consequências das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul continuam presentes. Há exatamente um ano, o Campeonato Brasileiro foi paralisado devido às inundações, que tiveram um impacto profundo, especialmente sobre os dois grandes clubes de Porto Alegre: Grêmio e Internacional. Embora ambos tenham enfrentado dificuldades, suas recuperações foram diferentes, refletindo a realidade de cada um.
A situação inicial dos clubes
Quando as águas subiram, a situação do Internacional parecia mais alarmante. Ambos os clubes, Internacional e Grêmio, tiveram seus estádios e centros de treinamento inundados. No entanto, a forma como cada um gerenciou os danos variou. A Arena do Grêmio é administrada por uma empresa privada, o que limitou a responsabilidade do clube pela reforma. Em contrapartida, o Beira-Rio, sendo parcialmente administrado pelo Internacional, teve um período mais complicado.
Surpreendentemente, a esperança surgiu na recuperação. O Beira-Rio conseguiu esvaziar sua capacidade em 11 dias, enquanto a Arena atrasou sua recuperação em 23 dias devido à inundação completa de sua infraestrutura. Este atraso teve um impacto significativo no desempenho do Grêmio durante o Campeonato Brasileiro.
Prejuízos financeiros para os clubes
Em termos financeiros, o Internacional relatou um prejuízo total de R$ 86,2 milhões. Isso inclui R$ 28,2 milhões em perdas patrimoniais e gastos extras devido à necessidade de jogos fora da cidade. Além disso, o clube também deixou de arrecadar R$ 25 milhões por um crescimento não concretizado em seu quadro de sócios e perdeu R$ 33 milhões em premiações devido à eliminação precoce nas Copas. Algo positivo, contudo, foi o ressarcimento de R$ 18,9 milhões pela seguradora e a ajuda da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), permitindo uma recuperação total do Beira-Rio.
Por outro lado, o Grêmio enfrentou um cenário mais desafiador. Com um prejuízo patrimonial de R$ 12 milhões, o clube viu o número de sócios cair significativamente, de 120 mil para 102 mil. A recuperação do Grêmio foi mais lenta, e a necessidade de jogar fora de casa em 14 partidas obrigou a equipe a se deslocalizar mais que o normal, afetando o desempenho em campo.
Retorno aos gramados e dificuldades emocionais
O Internacional conseguiu voltar a jogar no Beira-Rio no final de julho de 2024, após conseguir recuperar sua grama com sucesso. O clima astronômico e a força do time, que engatou uma sequência de 16 jogos invictos, animaram os torcedores que voltaram a se associar, superando a marca de 150 mil sócios.
Em contrapartida, o Grêmio enfrentou um retorno mais complicado, com a Arena reaberta apenas em setembro de 2024, após quatro meses de recuperação. O presidente do clube, Alberto Guerra, ressaltou a dificuldade emocional que a equipe e seus torcedores enfrentaram durante esse período, com afetos e familiares que sofreram com a tragédia das enchentes.
Perspectivas futuras e aprendizado
Ambos os clubes aprenderam lições valiosas após a experiência das enchentes. O Internacional se recuperou rapidamente e estabeleceu uma base sólida para o futuro, enquanto o Grêmio continua a trabalhar em sua recuperação, reavaliando não apenas sua infraestrutura, mas também o impacto emocional sobre jogadores e torcedores.
À medida que as águas do Guaíba continuam a baixar, a história dos dois clubes serve como um lembrete da resiliência e capacidade de superação do esporte diante de adversidades.