A polêmica em torno dos chamados bebês reborn, bonecos realistas que simulam a aparência de recém-nascidos, ganhou novos capítulos no Brasil com a aprovação do Dia da Cegonha Reborn no calendário do Rio de Janeiro. Além disso, dois projetos de lei foram protocolados buscando regulamentar questões de saúde mental e o uso dos bonecos no sistema público de saúde. Essas propostas, que têm gerado debates intensos, visam oferecer suporte a seus “pais” e regulamentar a utilização desses objetos nas unidades de saúde.
Aprovada a inclusão do Dia da Cegonha Reborn
No dia 7 de maio, os vereadores do Rio de Janeiro aprovaram o projeto de lei nº 1892/2023, que inclui o Dia da Cegonha Reborn no calendário oficial da cidade. A proposta, que aguarda a aprovação ou veto do prefeito Eduardo Paes, tributa as artesãs que produzem estas bonecas como verdadeiras “Cegonhas”. O vereador Vitor Hugo (MDB), autor da proposta, destacou que a celebração busca homenagear um grupo de mulheres que se uniu em torno da causa, ressaltando que “o nascimento de um bebê é um momento singular na vida de uma mulher”, valorizando a experiência das mães reborn.
Novos projetos abordam saúde mental e uso no SUS
Após a aprovação da lei que estabelece o Dia da Cegonha Reborn, o assunto se desdobrou em novos projetos de lei. Um deles, o PL 5357/2025, foi apresentado ao Alerj pelo deputado Rodrigo Amorim (União) e propõe a criação de um programa de saúde mental para aqueles que estabelecem vínculos afetivos com os bonecos. O intuito é fornecer apoio psicológico e evitar problemas como a depressão e o suicídio entre os “pais” dos bebês reborn.
Objetivos do projeto de saúde mental
O texto do projeto sugere que as ações de atendimento sejam desenvolvidas por equipes formadas por psicólogos, terapeutas e assistentes sociais. Segundo a justificativa do deputado, os bebês reborn podem servir como uma “ferramenta terapêutica valiosa”, mas é crucial que não se tornem uma forma de escapismo ou dependência afetiva. A preocupação em relação à saúde mental é um tema que ganha cada vez mais destaque na sociedade contemporânea, e essa proposta busca abordar uma demanda crescente.
Proibição de atendimento no sistema de saúde
Simultaneamente, foi protocolado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais o PL 3.757/2025, que visa proibir o atendimento médico dos bebês reborn nas unidades de saúde pública. De autoria do deputado Cristiano Caporezzo (PL), o projeto justifica a necessidade de preservar a segurança dos atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) e evitar que recursos públicos sejam utilizados para atender objetos inanimados. A proposta prevê que, em caso de descumprimento, a unidade responsável deverá pagar uma multa equivalente a 10 vezes o valor do serviço prestado.
Repercussão na saúde pública
O PL 3.757/2025 surge em um contexto em que a saúde pública enfrenta desafios significativos. Com a crescente demanda por atendimento e a limitação de recursos, é preciso ter cuidado para que o sistema não seja sobrecarregado com situações que não envolvem patologias humanas. A proposta procura garantir que pessoas que realmente necessitam de tratamento não enfrentem dificuldades por conta do tempo de atendimento dedicado a objetos como os bebês reborn.
Em um momento em que o Brasil discute o papel das novas tecnologias e objetos em nosso cotidiano, a regulamentação e a discussão sobre saúde mental se tornam fundamentais. As projetos que emergem dessa nova realidade refletem tanto as tendência sociais quanto a necessidade de políticas que considerem a complexidade dos vínculos afetivos que as pessoas desenvolvem. Enquanto a sociedade debate sobre o papel dos bebês reborn, as iniciativas propostas revelam a busca por um equilíbrio entre os cuidados necessários e a responsabilidade pública.
O avanço dessas propostas poderá trazer mudanças significativas na forma como a sociedade brasileira lida com questões emocionais e sociais envolvendo itens que se tornam referências afetivas, mesmo que inanimados.