Na manhã desta quinta-feira (15), o ex-prefeito de Unaí, Antério Mânica, faleceu aos 77 anos no Hospital Sírio-Libanês, em Brasília. A confirmação da morte foi feita pela própria família.
Antério estava internado após sofrer um traumatismo craniano, consequência de uma queda no hospital ocorrida recentemente. Ele passou por uma cirurgia de emergência no dia 9 de maio e permanecia em coma induzido desde então, com um quadro de saúde grave. Além do traumatismo, o ex-prefeito lutava contra um câncer de pâncreas e apresentava diversas outras comorbidades, incluindo diabetes e hipertensão.
Ainda não há informações sobre o velório e sepultamento de Mânica, que deixou um legado controverso. Em 2015, ele foi condenado a 100 anos de prisão pela participação na Chacina de Unaí, um crime que chocou o Brasil e envolveu o assassinato de três auditores fiscais do Ministério do Trabalho e um motorista. No entanto, em 2018, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região anulou a sentença original e determinou um novo julgamento do caso.
A Chacina de Unaí: um crime que marcou a história
Em maio de 2022, Mânica foi novamente condenado, desta vez a 64 anos de prisão, por quádruplo homicídio triplamente qualificado. Ele e seu irmão, Norberto Mânica, também condenado na mesma pena, foram apontados como os mandantes dos assassinatos, que ocorreram em 28 de janeiro de 2004.
Na ocasião, os auditores fiscais estavam em Unaí para investigar denúncias de trabalho escravo em propriedades rurais, incluindo uma da família Mânica. Eles foram emboscados e mortos enquanto realizavam seu trabalho, um ato que gerou repercussão nacional e levantou discussões sobre a proteção dos auditores frente a ameaças por parte de fazendeiros que se sentiam ameaçados por suas investigações.
O impacto da morte de Antério Mânica
A morte de Antério Mânica traz à tona não apenas a história de um ex-prefeito envolvido em crimes de extrema gravidade, mas também uma reflexão sobre a impunidade e a violência no contexto da fiscalização do trabalho rural no Brasil. A atuação dos auditores, que enfrentaram riscos enormes, merece ser reconhecida e reavaliada diante da tragédia que vivenciaram.
A Chacina de Unaí é um lembrete doloroso do custo da justiça em regiões onde o trabalho escravo é uma realidade e destaca a importância de proteger aqueles que se dedicam a combater essa prática. Os irmãos Mânica foram identificados como os mandantes de um crime que não deve ser esquecido, mas sim que sirva de alerta sobre a necessidade de medidas mais rigorosas na proteção de auditores fiscais e na punição de infratores.
Aos 77 anos, a morte de Antério Mânica não encerra a discussão sobre a Chacina de Unaí ou sobre a impunidade que envolve crimes de poder, mas coloca novamente em pauta as questões que ainda precisam ser resolvidas no cenário brasileiro. Embora ele tenha deixado o cargo e suas condenações, o impacto de seus atos ainda reverbera em diversas esferas da sociedade.
Aos familiares e amigos, fica nossos sentimentos de pesar. E que a memória dos auditores fiscais assassinados nunca seja esquecida em sua busca por justiça.


