Brasil, 14 de maio de 2025
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STF não vê chances de recurso da Câmara sobre caso Ramagem

Ministros do STF consideram inapropriado recurso da Câmara de Deputados para suspender processo contra Alexandre Ramagem.

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) manifestaram a avaliação de que o recurso protocolado nesta terça-feira pela Câmara dos Deputados, que solicitou a manutenção da suspensão do processo referente à tentativa de golpe contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), não tem probabilidades de prosperar. Essa situação levanta questões sobre os mecanismos legais e a possível interferência entre as instituições brasileiras.

A postura da Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara, Hugo Motta, recorreu ao STF para garantir que a decisão tomada pela Casa sobre Ramagem fosse mantida. A Câmara argumenta que a decisão da Primeira Turma do STF, que limitou os efeitos da suspensão do processo, compromete a separação de poderes e a imunidade parlamentar. Motta adverte que a decisão do Supremo pode fragilizar o papel do Legislativo na defesa de seus membros diante da persecução penal.

Posição dos ministros do STF

Em conversas com o GLOBO, magistrados da Corte afirmaram que o instrumento utilizado pela Advocacia da Câmara, uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), não é o mais adequado para um questionamento sobre uma decisão já proferida pela Turma. Para esses ministros, a utilização da ADPF deveria ser restrita a discussões que envolvem questões de maior abrangência, não revisitadas por decisões já tomadas por instâncias inferiores.

Além disso, alguns ministros acreditam que uma ADPF não deveria, sob qualquer circunstância, ser usada para contestar uma decisão de um colegiado superior, considerando essa abordagem equivocada.

Detalhes do processo e acusações contra Ramagem

Ainda não se sabe qual será o relator do novo recurso, uma vez que a ação ainda não foi distribuída. Contudo, há especulações de que o ministro Alexandre de Moraes possa ser o escolhido, já que ele também é responsável por ações relacionadas ao tema envolvendo partidos como o PSOL e o PDT.

Na semana passada, a Primeira Turma decidiu que a Câmara dos Deputados havia suspendido o processo apenas para os crimes atribuídos a Ramagem após sua diplomação, ocorrida em dezembro de 2022. Esses crimes incluem deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado pela violência contra bens da União. No entanto, as acusações de organização criminosa armada e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito permanecem ativas, já que ocorreram antes da diplomação.

Argumentos da Câmara sobre a decisão

De acordo com a ação apresentada pela Câmara, a limitação da suspensão dos efeitos da resolução sobre Ramagem é uma “violação direta e frontal aos preceitos fundamentais da separação de poderes e da imunidade parlamentar formal”. A mesa-diretora da Câmara alegou que a decisão esvazia suas atribuições constitucionais em decidir sobre a sustação de ações penais, conforme o processo avançava.

Os parlamentares enfatizam que a Constituição garante à Casa Legislativa a competência para deliberar sobre questões relacionadas à sustentação de ações penais até que um julgamento final ocorra. Nesse sentido, argumenta-se que essa atribuição não pode ser manipulada por uma interpretação que desconsidere o impacto da persecução penal sobre a representação parlamentar.

O debate em torno do caso de Alexandre Ramagem revela a complexidade e a tensão entre os diferentes poderes do Estado brasileiro, assim como a importância do respeito às normas e procedimentos legais em um regime democrático. O desenrolar desse processo nos próximos dias pode ter implicações significativas para a já delicada relação entre o Executivo, Legislativo e Judiciário no país.

À medida que novas informações surgirem sobre o desenvolvimento deste caso, tanto a opinião pública quanto os analistas continuarão a acompanhar de perto a condução do processo pelo STF e as repercussões que isso poderá gerar no cenário político nacional.

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