A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as apostas on-line ganhou novos contornos nesta semana quando a influenciadora Virginia Fonseca participou de uma oitiva. A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora do colegiado, não hesitou em criticar o estilo da empresária, que costuma promover plataformas de apostas. O tema gerou reflexões não apenas sobre a regulamentação do setor, mas também sobre a responsabilidade das personalidades públicas na sua atuação.
CPI e o papel de influenciadores
O depoimento de Virginia ocorreu na terça-feira (13/5) e, durante a sessão, a senadora Thronicke apontou que a escolha da vestimenta da influenciadora, que estava com um moletom preto estampado com o rosto da filha, era questionável. “O que me causa estranheza é que as plataformas continuam com um apelo infantil. A própria influenciadora estava com um apelo bastante jovial, muito adolescente. E adolescente não pode jogar”, avaliou a parlamentar.
As críticas de Thronicke levantam um importante debate sobre a presença de influenciadores no mundo das apostas. Segundo ela, essa “infantilização” instiga um público que não deveria ser exposto ao universo das apostas on-line, gerando preocupações sobre hábitos de consumo e a capacidade de discernimento dos jovens.
A repercussão entre os senadores
Outro senador, Eduardo Girão (Novo-CE), também se manifestou durante a sessão. Ele referiu-se ao depoimento como um “tiro no pé”, mencionando que a oitiva acabou se transformando em uma oportunidade para merchandising. “A gente viu até merchandising sendo feito aqui de uma forma subliminar, a infantilização… Enfim, eu acredito que ali prestou um desserviço”, criticou o senador.
A presença de Virginia Fonseca na CPI tem alimentado um debate sobre a responsabilidade dos influenciadores e a ética em suas posturas. A discussão não diz respeito apenas ao uso de vestimentas, mas à forma como os influenciadores interagem com seus seguidores em contextos sensíveis, como o das apostas.
O que diz Virginia Fonseca
Virginia, por sua vez, não se manifestou diretamente sobre as críticas recebidas em relação ao seu estilo. No entanto, a influência que exerce sobre os seus seguidores foi reconhecida na sala da CPI, onde foram discutidas as implicações de promover produtos e serviços de apostas. Especialistas acreditam que a responsabilidade de influenciadores vai além do que vestem: trata-se de sua influência nas decisões e comportamentos da juventude.
O depoimento de Rico Melquiades
Nesta quarta-feira (14/5), outro episódio relevante na CPI é o depoimento de Rico Melquiades, o vencedor da última edição de A Fazenda. Melquiades é ouvido na condição de testemunha, e já é conhecido por suas polêmicas em redes sociais. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, garantiu a lui o direito de permanecer em silêncio durante a oitiva.
Rico Melquiades foi alvo da Operação Game Over 2 em janeiro deste ano, que tinha como objetivo combater jogos de azar online irregulares. Recentemente, ele firmou um acordo de não persecução penal, confessando a prática dos crimes investigados, o que levanta questionamentos sobre seu papel como influenciador no ambiente das apostas.
A regulamentação das apostas on-line no Brasil
A discussão sobre as apostas on-line e a atuação de influenciadores como Virginia e Rico ocorre em um contexto mais amplo de busca por regulamentação do setor no Brasil. As implicações legais e sociais ainda estão sendo exploradas pelo legislativo, e a participação de figuras públicas nesta arena pode impactar a maneira como as regras são estabelecidas, além da conscientização sobre o jogo responsável.
Com a presença constante dos influenciadores nas redes sociais, é essencial estabelecer um diálogo que leve em conta não apenas a eficácia da regulamentação, mas também os impactos sociais que suas ações podem ter, especialmente junto ao público jovem.
À medida que a CPI avança, a expectativa é de que essas discussões se tornem cada vez mais pertinentes, refletindo sobre o papel da mídia social no cotidiano e as responsabilidades que vêm com a influência sobre as decisões de consumo dos jovens. A maneira como a CPI conduzir suas investigações terá repercussões significativas nas políticas públicas referentes ao jogo, especialmente no que tange à proteção dos mais vulneráveis.