Sabesp planeja emitir títulos internacionais para captar R$ 70 bi

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que passou por um processo de privatização no ano passado, está se preparando para acessar o mercado de dívida dos Estados Unidos. Esse será o primeiro movimento da companhia nesse tipo de mercado em mais de 20 anos, com o objetivo de captar até R$ 70 bilhões (aproximadamente US$ 13,5 bilhões) em investimentos.

Objetivos e estratégia no mercado internacional

De acordo com o CFO da Sabesp, Daniel Szlak, a emissão de títulos no exterior é uma estratégia crucial para que a empresa alcance o grau de investimento pelas agências internacionais de classificação de risco. “As agências de classificação não nos elevarão ao grau de investimento a menos que façamos isso”, declarou Szlak em uma recente entrevista em Nova York.

Essa iniciativa é parte de um esforço para financiar investimentos relacionados aos compromissos assumidos pela empresa durante seu processo de privatização, que inclui melhorar a infraestrutura de água e esgoto em São Paulo, a cidade mais populosa da América Latina. Entre as opções em consideração está o denominado blue bond, um tipo de título específico para financiar projetos ligados à água, que pode ser emitido ainda este ano.

Expectativas para a emissão de títulos

A Sabesp está mirando uma emissão com vencimentos de curto prazo, apostando na perspectiva de queda das taxas de juros nos Estados Unidos. A oferta representará o primeiro título em dólar americano da empresa em décadas e é parte de um plano mais amplo para estabelecer uma curva de títulos que facilite financiamentos futuros. “É preciso começar a construir a curva, provavelmente começando com notas de cinco, sete ou dez anos, e acessar o mercado talvez a cada dois anos”, explicou Szlak. “Eventualmente, o que eu quero é chegar a um título com vencimento em 20 ou 30 anos.”

A privatização da Sabesp, aprovada em 2023 pela Assembleia Legislativa e concluída em setembro de 2024, foi uma das maiores do Brasil nos últimos anos. Essa mudança estratégica visa atrair capital privado, que é essencial para expandir a infraestrutura da empresa e melhorar os serviços que ela oferece aos cidadãos paulistanos.

Impacto da privatização e planos futuros

Com a privatização, a participação do governo do Estado de São Paulo na Sabesp foi reduzida a uma posição minoritária, mas com o direito de intervenção em algumas decisões estratégicas. O principal objetivo dessa privatização era estimular a iniciativa privada para que investimentos fossem direcionados à melhoria dos serviços de água e esgoto.

A empresa se mantém assertiva em relação aos seus compromissos e resultados financeiros. A relação entre dívida líquida e Ebitda permaneceu estável em 1,8 vezes, e Szlak destacou a importância de cuidar dos detentores de títulos de dívida com a mesma responsabilidade com a qual lida com os acionistas. “Tenho que cuidar dos detentores dos meus títulos de dívida da mesma forma que cuido do meu acionista”, afirmou.

Esse período de transição e adaptação ao novo modelo de gestão é visto como uma oportunidade de crescimento e melhoria para a Sabesp. A captação pretendida de R$ 70 bilhões será crucial para viabilizar os investimentos necessários, uma vez que a empresa busca atender à crescente demanda por serviços de saneamento básicos em uma das regiões mais densamente povoadas do país.

A Sabesp se propõe a enfrentar os desafios do saneamento com um novo olhar e com a esperança de que, através desses investimentos, possa proporcionar à população de São Paulo uma melhora significativa na qualidade da água e nos serviços de esgoto, fundamentais para a saúde e a qualidade de vida de todos. O futuro da empresa está comprometido com a inovação e a sustentabilidade, e a expectativa é de que os próximos passos sejam firmes e alinhados com as melhores práticas de gestão financeira e ambiental.