O ano de 1974 marcou uma virada histórica para o São Paulo, que chegou à sua primeira final da Libertadores. Contudo, a jornada do Tricolor na competição foi ainda mais memorável por um fato curioso: o apoio de seus maiores rivais. Durante o torneio, presidentes de clubes como Corinthians, Palmeiras, Santos e Portuguesa deixaram a rivalidade de lado para torcer pelo São Paulo na decisão contra o Independiente, da Argentina.
Uma aliança inusitada
A final da Libertadores daquele ano se deu em um formato distinto, que previa três partidas para a decisão do campeão. O primeiro confronto aconteceu no dia 12 de outubro no Estádio do Pacaembu, onde o São Paulo conquistou uma vitória emocionante por 2 a 1. O apoio dos rivais permitiu que essa conquista se tornasse ainda mais especial, numa época em que a rivalidade entre clubes não era tão feroz quanto nos dias atuais.
No programa da TV Gazeta, o presidente do Corinthians, Vicente Matheus, fez um apelo à torcida para que, após o jogo contra o Botafogo, se dirigissem ao Pacaembu e apoiassem o São Paulo. “No campo, somos rivais e lutamos de ombro a ombro, mas sempre com lealdade”, destacou Matheus, enfatizando a amizade entre os diretores dos clubes.
O presidente do Palmeiras, Paschoal Walter Byron, também se manifestou em apoio, convocando os palmeirenses a levarem suas bandeiras e torcerem pelo São Paulo, reiterando que “o jogo de hoje é uma festa para o futebol brasileiro”. Essas declarações ecoaram na imprensa da época, revelando um espírito esportivo que parece distante do cenário atual.
Era de mudanças
Em entrevista ao iG Esporte, o jornalista e historiador Celso Unzelte comentou sobre como tal solidariedade entre clubes não era incomum na época. “Hoje, essa união parece um retrocesso, mas representava uma época em que o torcedor paulista torcia por outros clubes de São Paulo e vice-versa”, afirmou. Unzelte ressalta que o cenário atual do futebol está profundamente polarizado, com torcedores frequentemente torcendo contra seus rivais, mais do que pelo seu próprio time.
Outro aspecto notável foi a realização do Campeonato Paulista em 1975, onde todas as seis torcidas se reuniram em um único estádio para assistir aos jogos, algo impensável na mente dos torcedores de hoje.
A trajetória da final de 1974
O primeiro jogo da final foi cercado por uma atmosfera de esperança e união, mas a disputa não seria fácil. O ambiente no Pacaembu estava eletricamente cheio, com 50 mil torcedores assistindo a cada jogada. No entanto, no segundo confronto, o Independiente fez valer o mando de campo e venceu o Tricolor por 2 a 0, empurrando a decisão para o terceiro e decisivo jogo.
Essa partida final ocorreu no Estádio Nacional, em Santiago, no Chile. Infelizmente para os torcedores do São Paulo, o Independiente saiu vitorioso mais uma vez, conquistando seu quinto título da Libertadores. Assim, o sonho do São Paulo de levantar a taça foi adiado, mas a história da união entre rivais durante aquele ano permanece viva.
O presente e o futuro do São Paulo
Hoje, o São Paulo retorna ao palco da Libertadores, com um jogo agendado para quarta-feira (14) contra o Libertad, no Morumbi, valendo pela 5ª rodada do Grupo D. O Tricolor está em excelente fase, liderando a chave com 10 pontos, e apenas precisa de um empate para garantir sua vaga nas oitavas de final da competição, uma performance notável que inclui 13 jogos de invencibilidade.
O futebol vive um momento de transformações, e enquanto as rivalidades ainda existem, as lembranças de quando presidentes se uniram por um bem maior são exemplos de um esporte que transcende rivalidades.
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