O cardeal Prevost, também conhecido como Leão XIV, foi eleito Papa em uma data que carrega um significado profundo para a Igreja: o dia da festa litúrgica dos mártires da Argélia. O novo Pontífice, em sua primeira bênção Urbi et Orbi, proclamou a paz do Ressuscitado como uma “paz desarmada e desarmante”, uma profunda referência à espiritualidade de Santo Agostinho e ao legado dos mártires argelinos do século XX.
A importância da paz na mensagem do Papa
Na cerimônia de sua eleição, realizada em 8 de maio, Leão XIV enfatizou, com um forte sentido de atualidade, a importância da paz em um mundo marcado pela corrida armamentista. Sua mensagem “uma paz desarmada e uma paz desarmante” ressoou entre os presentes e foi um convite à reflexão sobre os desafios contemporâneos que a humanidade enfrenta.
Os mártires da Argélia, a quem permaneceu fiel durante os anos de conflito entre 1994 e 1996, ocuparam um lugar especial em sua mensagem. Esta referência não é meramente simbólica; é um recordatório da força do testemunho dos que, como o prior Christian de Chergé, dedicaram suas vidas à paz e ao serviço ao próximo, mesmo em circunstâncias adversas. A oração escrita por Christian, “Senhor, desarmai-os. E desarmai-nos”, ecoou na bênção do Papa, reforçando a conexão entre sua eleição e a missão agostiniana de paz.
O vínculo especial dos agostinianos com a Argélia
O cardeal Prevost, originário da ordem agostiniana e que atuou como prior geral por doze anos, traz consigo essa herança viva. A ordem sempre manteve um vínculo especial com a Argélia, onde muitos de seus membros deram suas vidas em nome dos princípios de amor e serviço. Entre os mártires citados, duas monjas, Caridad Álvarez Martín e Ester Paniagua, são exemplos de devoção e coragem.
A vivência desses missionários agostinianos no contexto da Argélia, especialmente durante a “Década Sombria”, fortalece a missão da ordem. Elas escolheram permanecer ao lado do povo argelino, mesmo com riscos iminentes, dedicando-se a ajudar os mais necessitados. Suas histórias inspiradoras continuam a guiar os agostinianos em sua missão de promover a paz e o diálogo intercultural.
Duas monjas agostinianas entre os mártires da Argélia
A história de Caridad e Esther é emblemática da entrega total. Caridad, que trabalhou incansavelmente em projetos sociais ao longo de sua vida, enfrentou a morte com uma imensa fé, afirmando: “Quero permanecer nesta atitude diante de Deus”. Assim, com um espírito altruísta e de amor ao próximo, essas missionárias estabeleceram laços profundos com a população local.
O trabalho das Irmãs Agostinianas na Argélia ainda persiste, trazendo esperança e apoio para as comunidades carentes. Elas atuam na educação, na assistência médico-social, e no empoderamento de mulheres e jovens. O legado destas religiosas é um testemunho duradouro da força da fé na construção de uma sociedade mais justa.
A presença das Irmãs agostinianas no país africano
As Irmãs Agostinianas continuam firmes em sua missão na Argélia, promovendo programas educacionais e assistenciais voltados para os mais vulneráveis. Em locais como Dar El Beida e Notre Dame d’Afrique, suas ações buscam proporcionar oportunidades e um futuro melhor para as crianças e jovens que residem na região.
Os frades agostinianos, que mantém viva a memória de seus irmãos mártires, também se dedicam à promoção do diálogo e da paz. A custódia da Basílica de Santo Agostinho em Annaba é um símbolo da herança cultural e espiritual que eles continuam a preservar na Argélia, além de desenvolver iniciativas que visam integrar comunidades diversas em um espírito de respeito e solidariedade.
Testemunho da Igreja, uma voz que oferece grande esperança
Em uma declaração recente, o Papa Leão XIV declarou que a voz da Igreja deve ir além de sua estrutura institucional, funcionando como uma comunhão que testemunha o amor e a solidariedade entre as pessoas. A sua eleição representa não apenas um novo capítulo na história papal, mas também uma renovação do chamado à unidade e paz em um mundo tão dividido.
Com uma formação que abrange o cuidado pastoral e a promoção da paz social, Leão XIV está preparado para enfrentar os desafios contemporâneos e oferecer esperança à humanidade. Sua figura promessa ressoa com o testemunho dos mártires da Argélia, refletindo um compromisso profundo com a paz e a justiça em todas suas formas.
(Fonte: AsiaNews)