A recente visita oficial da primeira-dama Rosângela Silva, conhecida como Janja, à China trouxe à tona um episódio polêmico que gerou desconforto entre membros da comitiva brasileira. Durante um jantar com o presidente chinês Xi Jinping, Janja se manifestou contra os efeitos nocivos da rede social TikTok, provocando um constrangimento notável que foi relatado pela GloboNews. Essa declaração se soma a uma série de polêmicas envolvendo a primeira-dama desde o início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
Falas controvérsias e reações adversas
Janja tem se destacado por suas intervenções controversas, alimentando o debate sobre o papel da primeira-dama. Em um evento paralelo ao G20 em novembro, a primeira-dama criticou a morosidade na regulamentação das redes sociais, associando a desinformação a tragédias climáticas recentes. A situação, que foi interrompida por um sinal sonoro de um navio, tomou outro rumo quando ela se referiu ludicamente ao bilionário Elon Musk. Janja disse: “Eu não tenho medo de você. Inclusive, fuck you, Elon Musk”, uma declaração que foi amplamente criticada por sua falta de diplomacia.
A reação do próprio Musk, que respondeu nas redes sociais com expressões de desdém, como “lol”, e uma previsão de que o governo atual perderá as próximas eleições, evidencia a repercussão negativa do comentário de Janja. Essas falas geraram críticas não apenas da oposição, mas também de aliados do governo, levando muitos a questionar a adequação de tais declarações no contexto internacional.
Polemicas envolvendo declarações sobre ex-presidentes
Além do episódio com Musk, Janja causou desconforto ao criticar publicamente a galeria de fotografias de ex-presidentes da República no Palácio do Planalto. Ao visitar a galeria, ela afirmou que vários ex-presidentes “não mereciam estar ali”, citando especificamente Pascoal Ranieri Mazzilli, que ocupou a presidência por um breve período durante o regime militar. Essa declaração gerou reações de descontentamento e críticas pela maneira como minimizou a gravidade do passado político do Brasil.
Percepções sobre a nova gestão no Palácio da Alvorada
No início de 2023, tanto Lula quanto Janja relataram problemas em sua nova residência oficial, o Palácio da Alvorada, afirmando que diversos itens haviam desaparecido sob a administração anterior de Jair Bolsonaro. Após meses de buscas, os objetos foram encontrados em estados de conservação questionáveis, levando a Secretaria de Comunicação Social a criticar a gestão anterior pelo “descaso” com o patrimônio público. Em resposta, Bolsonaro e sua ex-primeira-dama, Michelle, acionaram a Justiça contra tais acusações, buscando compensações por danos morais.
As declarações de Janja não foram limitadas a questões domésticas. Durante seu jantar na China, Janja mencionou os abusos relacionados ao TikTok no Brasil, gerando desconforto, mas também chamando atenção para um debate crucial sobre a regulamentação de redes sociais no país.
Desdobramentos diplomáticos e posicionamentos de Lula
Após a repercussão do jantar, Lula se posicionou, afirmando que ele mesmo havia iniciado a conversa ao sugerir um diálogo com Xi Jinping sobre a questão digital, especificamente sobre o uso de plataformas como o TikTok. Ele explicou que Janja, ao mencionar os abusos, fez isso com a intenção de trazer uma perspectiva importante à tona.
“Fui eu que fiz a pergunta. Perguntei ao companheiro Xi Jinping se era possível ele enviar uma pessoa da confiança dele para discutir a questão digital, e a Janja pediu a palavra para explicar o que está acontecendo no Brasil, especialmente em relação a mulheres e crianças”, esclareceu Lula.
O episódio é um reflexo das complexidades envolvidas na atuação de uma primeira-dama. Enquanto Janja continua a expressar suas opiniões, a tensão entre liberdade de expressão e a necessidade de manter um discurso diplomático persiste, levantando questões sobre os limites do papel da primeira-dama e sua influência nas relações internacionais do Brasil.
A adicionar mais contexto, é possível observar que as declarações de Janja, embora muitas vezes consideradas exageradas, têm o potencial de estimular um debate relevante sobre regulação digital e o ambiente das redes sociais no Brasil, um tema que continua a ser um ponto de controvérsia e importância na vida política e social.