A luta por justiça pela morte da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes continua a ganhar destaque no cenário nacional. Marinete da Silva, mãe de Marielle, e Ágatha Arnaus, viúva de Anderson, protocolaram uma petição junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a condenação máxima para todos os réus envolvidos em seus assassinatos, ocorridos em março de 2018 no Rio de Janeiro.
Contexto do caso Marielle Franco
Em um documento com 56 páginas, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, que representa as duas mulheres, apresentou uma descrição detalhada dos acontecimentos, desde as primeiras investigações até a operação da Polícia Federal que culminou na prisão dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão e do delegado da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa. Os defensores classificaram a morte de Marielle e Anderson como uma tragédia de âmbito político, que expõe as feridas ainda abertas na sociedade brasileira.
O conceito de “necropolítica” foi particularmente enfatizado na petição. A defesa argumenta que a morte de Marielle, uma mulher negra e política engajada, representa uma grave violação dos direitos humanos, sinalizando a luta incessante pela igualdade e justiça de diferentes grupos marginalizados. A petição destaca: “A morte de Marielle Franco é uma morte política”, ressaltando a relevância da atuação da vereadora em prol das questões sociais que afetam sua comunidade.
“A dor e a comoção sentidas nas ruas do país na madrugada do crime ainda seguem presente, evidenciando o impacto profundo que essas mortes tiveram na sociedade”, afirmam os defensores na petição.
Desdobramentos do processo judicial
A manifestação das famílias das vítimas foi protocolada após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar suas alegações finais no processo, solicitando a condenação de todos os cinco réus envolvidos. Segundo o vice-procurador-geral, Hindenburgo Chateaubriand, a condenação deve ser por homicídio qualificado em relação a Marielle e Anderson, e tentativa de homicídio em relação à assessora Fernanda Chaves, que sobreviveu ao atentado.
A PGR também pediu que os irmãos Brazão e Robson Fonseca fossem condenados por integrar uma organização criminosa. Detalhes sobre a fase final do atentado contra Marielle revelam que os executores, Ronnie Lessa e Edmilson “Macalé”, começaram a monitorar a rotina da vereadora no segundo semestre de 2017, uma estratégia premeditada que culminou no trágico desfecho de março de 2018.
Os executores foram instruídos a evitar o ataque durante percursos que tivessem como ponto de partida ou destino a Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Essa estratégia conjunta foi sustentada por uma rede de apoio de milicianos, indicam as investigações.
“A comunicação intensa entre Ronald e Laerte nos dias que antecederam as mortes é evidência clara de um planejamento metódico para a execução do crime”, destaca a PGR.
Identificando os réus do caso
Os réus identificados no processo são:
- Chiquinho Brazão;
- Domingos Brazão;
- Rivaldo Barbosa;
- Ronald Paulo Alves Pereira;
- Robson Calixto da Fonseca.
Os detalhes expostos nas alegações finais da PGR reforçam a narrativa de que os irmãos Brazão foram os mandantes do assassinato. A sequência dos eventos culminou com o ataque violento que tirou a vida de Marielle e de seu motorista, deixando um legado de luta por justiça que ainda ecoa pelas ruas do Brasil.
Considerações finais
À medida que o processo avança, a expectativa é de que a fala das famílias mantenha-se como um símbolo da busca intransigente por justiça em casos de violência política no Brasil. A luta de Marinete e Ágatha não é apenas por suas entes queridos, mas por um desfecho que reforce a necessidade de um sistema judiciário justo e eficaz, capaz de trazer responsabilização diante de crimes hediondos. O clamor por justiça de Marielle e Anderson reverbera como uma chamada à ação, não apenas para o sistema judiciário, mas para toda a sociedade brasileira.