A disputa pelo controle da Mobly, que agora se apresenta como Grupo Toky, ganhou novos contornos. A família Dubrule, conhecida por sua fundação da Tok&Stok, decidiu desistir de sua oferta de aquisição do controle da Mobly, que vinha sendo debatida ao longo das últimas semanas. No entanto, essa reviravolta não significa o fim do embate entre os envolvidos, pois os fundadores da Tok&Stok afirmaram que tomarão medidas para substituir a atual gestão da empresa, alertando para os riscos de “insolvência” que a Mobly pode enfrentar.
Contexto da desistência
O capítulo mais recente da saga se desenrolou em uma carta enviada ao Toky pela família Dubrule, onde expressam preocupações com a gestão da Mobly. Os Dubrule afirmam que, apesar de algumas medidas adotadas pelos administradores, que eles classificaram como “temerárias”, terem conseguido suspender a transação, a urgência em buscar alternativas cresce. Eles destacam a necessidade de assegurar a continuidade operacional da Mobly e a remoção imediata da atual administração, ressaltando o risco iminente de insolvência se nada for feito.
No fechamento de 2024, o Grupo Toky registrou um prejuízo significativo de R$164,1 milhões, quase o dobro da perda do ano anterior, o que agrava ainda mais a situação da empresa. Tal contexto financeira desfavorável também contribui para a desistência da família Dubrule em sua proposta de aquisição.
Consequências da assembleia geral
A assembleia geral extraordinária de acionistas realizada em 30 de abril tinha como objetivo discutir a remoção de uma cláusula de proteção conhecida como “poison pill”, que dificulta a realização de ofertas hostis. A votação, no entanto, não teve o resultado esperado pelos Dubrule, pois a proposta foi rejeitada. A cláusula tem o intuito de evitar que empresas concorrentes adquiram controle da Mobly a um preço que não seja justo, o que, neste caso, dificultou ainda mais a viabilização da oferta dos Dubrule.
O vazamento de informações e as reações
Além das dificuldades financeiras e administrativas, a Mobly moveu ações judiciais contra os fundadores da Tok&Stok, visando impedir manobras que poderiam prejudicar sua gestão e operação habitual. A decisão da assembleia foi suspensa pela Justiça, permitindo uma análise mais profunda da situação e das alegações feitas de ambos os lados. Essa medida mostra a complexidade da disputa que, apesar da desistência dos Dubrule, ainda permanece em aberto e suscetível a novas reviravoltas.
O futuro da Mobly e do Grupo Toky
A dúvida sobre o futuro da Mobly persiste, especialmente após a decisão da família Dubrule de se afastar da oferta de aquisição. Agora, a pressão recai sobre a atual gestão da empresa, que, segundo os Dubrule, precisa ser substituída para evitar que a companhia vá à falência. O Grupo Toky e seus acionistas enfrentarão um desafio significativo para reverter a situação financeira, tendo em vista os investimentos e a forma como a operação está sendo conduzida atualmente.
Adicionalmente, mesmo com a aprovação inicial do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a oferta pública de ações (OPA), a ausência de uma decisão judicial favorável aos Dubrule impedirá a convocação de uma nova assembleia antes do leilão previsto para 15 de maio, intensificando a incerteza sobre a transparência e a administração da empresa.
Implicações para o mercado e para os consumidores
Essa desistência e os desdobramentos envolvendo a Mobly refletem não somente as preocupações da família Dubrule, mas também um cenário mais amplo de instabilidade no setor de móveis e decoração, especialmente no que se refere a e-commerce e grandes corporações. Os consumidores devem estar atentos às possíveis alterações na qualidade dos produtos e serviços, uma vez que a gestão e a administração têm um impacto direto na experiência do cliente.
Com a situação ainda em aberto, o mercado aguarda as próximas movimentações, que podem incluir novas propostas ou ações legais, enquanto a família Dubrule se posiciona como uma parte significativa do contexto competitivo da indústria.
Em suma, a desistência da oferta pela Mobly adentra um terreno complexo, onde as ações futuras das partes envolvidas determinarão não apenas o destino da Mobly, mas também influenciarão a estrutura e a competitividade do mercado de móveis no Brasil.