Brasil, 14 de maio de 2025
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Deputados bolsonaristas tentam revogar crimes de golpe de Estado

Três projetos de lei na Câmara visam revogar artigos do Código Penal sobre abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Na última semana, um grupo de parlamentares aliada ao ex-presidente Jair Bolsonaro protocolou, na Câmara dos Deputados, três projetos de lei que visam revogar artigos do Código Penal que definem crimes como a abolição violenta do Estado Democrático de Direito e o golpe de Estado. A proposta já está sob análise da Mesa Diretora da Casa, que irá decidir sobre a sua tramitação. O Supremo Tribunal Federal (STF) já identifica Bolsonaro e mais 20 pessoas como réus por tentativa de abolição da democracia e golpe de Estado.

A proposta dos deputados

O primeiro projeto foi apresentado pelo deputado federal Sargento Gonçalves (PL-RN) na segunda-feira. Segundo a justificativa, a intenção é “assegurar a observância dos princípios constitucionais da liberdade de expressão, do direito de reunião e da segurança jurídica”. Aback das propostas, Gonçalves alega que os artigos atualmente em vigor estão sendo utilizados excessivamente para a perseguição política.

O segundo projeto foi protocolado pelo deputado Alberto Fraga (PL-DF). Em sua justificativa, Fraga também defende que “embora seja necessária legislação penal para proteção do Estado, este tema deve ser debatido amplamente na sociedade”. Ele acredita que a revogação dos tipos penais poderia aliviar a tensão política atual, já que os artigos foram usados como ferramenta de repressão a adversários políticos.

Em sequência, o terceiro projeto, protocolado por Gustavo Gayer (PL-GO) nesta terça-feira, conta com o apoio de 46 outros deputados, incluindo Alexandre Ramagem (PL-RJ), que enfrenta acusações relativas a uma tentativa de golpe de Estado no STF. Gayer critica a falta de clareza nas discriminações dos artigos 359-L e 359-M, que, segundo ele, “apresentam redações vagas e carecem de objetividade para balizar suas aplicações de acordo com o princípio da taxatividade penal”.

Controvérsias acerca das propostas

A justificativa de Gayer levanta questões sobre a interpretação dos artigos de forma tão ampla que pode dar espaço à discricionariedade das autoridades judiciais e do Ministério Público. Ele afirma que essa falta de especificidade pode violar o princípio da legalidade estrita, que fundamenta o Estado de Direito no Brasil. Essa nova proposta tem gerado repercussão e críticas no campo político, onde muitos acreditam que a revogação desses crimes possa minar os mecanismos que garantem a democracia no país.

Os artigos em questão, 359-L e 359-M, conceituam e penalizam condutas que visem abolir ou depor o governo legitimamente constituído, com penas que vão de quatro a doze anos de reclusão, além das penas correspondentes à violência. A revogação desse tipo penal poderia levar a uma interpretação mais leniente dos atos que colocam em risco a democracia, conforme analisam especialistas.

A reação da sociedade e especialistas

A proposta de revogação dessas leis já ocasionou repercussão nas redes sociais e entre analistas políticos. Para muitos, a tentativa de deslegitimar os crimes contra a democracia é alarmante. Especialistas ressaltam a importância de manter um arcabouço legal que resguarde os direitos democráticos e proteja o país contra tentativas de refluxo à ditadura, que a história recente do Brasil conhece bem.

Somado a isso, a argumentação dos parlamentares bolsonaristas é vista por vários setores da sociedade como uma manobra política que visa afastar possíveis condenações futuras. Em contrapartida, há uma ala que argumenta a favor do diálogo e da revisão dos códigos. Contudo, muitos defendem que esta discussão deveria ocorrer em fórum amplo e com a participação de especialistas e da sociedade civil.

Assim, a tramitação dos projetos segue em aberto, guardando a expectativa sobre quais serão os próximos passos da Câmara dos Deputados e qual seu impacto na proteção das instituições democráticas brasileiras. Com as tensões políticas cada vez mais intensas, a discussão acerca da legislação penal e sua aplicação se torna ainda mais crucial para a estabilidade do país.

O que se verifica, até o momento, é que o debate sobre a revogação do crime de golpe de Estado e a abolição violenta do Estado Democrático de Direito se insere em um cenário de polarização, onde a busca por liberdade de expressão e a proteção da democracia se encontram em lados opostos de uma mesma moeda.

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