Brasil, 14 de maio de 2025
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Crise em Gaza: o custo humano e econômico da guerra

A guerra em Gaza continua a deixar impactos devastadores, refletindo na economia e no cotidiano da população local.

O massacre e a destruição de Gaza saíram das manchetes, mas o cenário para o enclave não perdeu relevância na geopolítica global. A guerra em andamento é a mais longa da História de Israel e deverá custar aos cofres nacionais quase US$ 70 bilhões entre 2023 e 2025, o que corresponde a cerca de 14% do PIB. Entretanto, o custo humano é ainda mais alarmante, com a população local enfrentando desafios sem precedentes.

Reconstrução impossibilitada

As consequências do conflito são visíveis em cada esquina da Faixa de Gaza. Desde o início dos ataques, a infraestrutura básica foi severamente comprometida, com a destruição de edifícios, redes de água, esgoto e eletricidade, assim como de telecomunicações. A ampla destruição resultou em um cenário caótico, com 82% dos estabelecimentos privados danificados ou totalmente destruídos antes do final de 2024.

De acordo com dados coletados, a produção agrícola também sofreu um golpe devastador, com perdas de 80% a 96% nos ativos agrícolas até o início de 2024. Fazendas, pomares e máquinas essenciais para sustentar a economia local foram arrasados, agravando ainda mais a crise alimentar e econômica que se instaurou.

Impacto na economia local

O colapso da oferta de bens e serviços em Gaza levou a uma explosão de inflação, apesar da forte contração da demanda. Entre o início do conflito e o final de janeiro de 2024, o Índice de Preços ao Consumidor subiu 191%, com os preços de alimentos alcançando um aumento de 227%. O impacto foi devastador para uma população que já lutava para sobreviver, elevando a pobreza em Gaza a níveis alarmantes, onde quase toda a população vive agora em condições de vulnerabilidade.

A economia contraiu 83% em 2024 e o desemprego saltou para quase 80%, comparado a 46% no terceiro trimestre de 2023. Essas estatísticas refletem um quadro sombrio, onde sobrevivência e dignidade parecem cada vez mais distantes para os residentes de Gaza. Além disso, o desmantelamento do programa de transferência de renda da Autoridade Palestina e as deduções de impostos para Israel tornam a sobrevivência ainda mais desafiadora.

Paz e segurança: uma utopia?

Nem mesmo a perspectiva de paz parece viável no horizonte. Com a política agressiva do governo de Benjamin Netanyahu, controlar o território da Faixa de Gaza tornou-se uma prioridade. Investimentos em infraestrutura, como construção de estradas e instalações elétricas, são indícios de uma intenção de uso a longo prazo, que não leva em conta as necessidades dos palestinos.

O processo de pacificação que a Colômbia aplicou em relação às FARC, que envolveu negociações e mediação internacional, contrasta fortemente com a abordagem implacável de Israel. A decisão do governo israelense de continuar atacando a região sem buscar um cessar-fogo efetivo evidencia uma falta de confiança nas negociações e nos acordos de paz, e a continuação da violência só corrobora um ciclo interminável de sofrimento.

Os efeitos nas relações internacionais

Esses acontecimentos não passaram despercebidos pela comunidade internacional. A postura de Netanyahu, que desconsidera repetidamente propostas de cessar-fogo e mostra relutância em liberar prisioneiros, provoca frustração, inclusive entre aliados históricos, como os Estados Unidos. A situação se torna ainda mais complexa com as constantes pressões para uma solução pacífica, enquanto a guerra continua a se intensificar.

Se a realidade em Gaza é amarga, a perspectiva para os palestinos é ainda mais sombria. Não apenas são vítimas de uma guerra prolongada, mas também se veem sem opções, ao contrário dos israelenses que, segundo pesquisas, consideram a emigração como uma alternativa viável. Para os palestinos, a luta é muitas vezes pela própria sobrevivência, em face de um futuro que parece mais incerto a cada dia.

Com a guerra em Gaza ainda em curso e os custos, tanto financeiros quanto humanos, aumentando dramaticamente, a pergunta persiste: quando e como será possível alcançar um estado de paz e reconstrução? A resposta, por enquanto, permanece nebulosa, refletindo a complexidade e a profundidade do conflito.

(*) As fontes de dados citados são ONU e Banco Mundial.

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