Nessa terça-feira (13/5), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou a ata da reunião de maio, onde considerou “compatível” a decisão de elevar a taxa básica de juros, a Selic, para 14,75% ao ano. Essa taxa se encontra no mesmo patamar de seu valor mais alto, registrado entre julho e agosto de 2006, durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com economistas que analisaram a ata do comitê, a decisão reflete a expectativa de que a Selic permanecerá elevada por um período mais longo. A inflação e outros indicadores econômicos devem mostrar sinais de queda consistente antes que ocorra uma redução dos juros.
A situação atual dos juros no Brasil
A Selic é o principal instrumento de controle da inflação no Brasil. Com o aumento da taxa de juros, a expectativa é que o consumo e os investimentos no país sejam reduzidos. O crédito mais caro tende a esfriar a atividade econômica, o que pode resultar em uma queda nos preços para consumidores e produtores.
- A atual projeção do mercado financeiro indica que a taxa Selic não deve voltar a ficar abaixo de dois dígitos durante o governo Lula (PT) e a gestão de Gabriel Galípolo no BC.
Expectativas do mercado
Corretoras como Inter e Warren Investimentos acreditam que os cortes na Selic não deverão ocorrer antes de 2026. O banco Inter aposta na manutenção da taxa em 14,75% ao ano a partir de junho, enquanto a Warren prevê cortes apenas no primeiro trimestre de 2026.
Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, comentou que a ata trouxe um posicionamento neutro em relação ao comunicado anterior do Copom, destacando a elevada incerteza econômica tanto no Brasil quanto no exterior. “O atual patamar bastante restritivo da política monetária e a expectativa de desaceleração da atividade indicam que a alta da Selic da reunião de maio deve ter sido a última”, disse Vitoria.
Em contraste, Luis Felipe Vital, da Warren, observa que o Copom não descarta um ajuste marginal em resposta a quaisquer surpresas nos dados econômicos. “É preciso aguardar os efeitos do aperto implementado”, enfatizou.
Perspectivas para o futuro econômico
A ata também revelou que a atual taxa de juros é “significativamente contracionista” e já está contribuindo para a moderação do crescimento da atividade econômica. Embora não tenha sido informado qual será o próximo movimento, a reunião nos dias 17 e 18 de junho continua cercada de “elevada incerteza”.
André Matos, CEO da MA7 Negócios, afirma que a ata reforça um tom conservador do Banco Central, prevendo que a Selic continuará sendo cortada “com cautela” devido às incertezas fiscais e inflacionárias. “O cenário indica juros altos por mais tempo, o que limita o consumo e o crédito, travando setores como varejo e construção. Para a economia, isso significa uma retomada mais lenta, mas também maior estabilidade”, completou Matos.
Projeções do mercado financeiro
Após a última reunião, o mercado financeiro manteve as projeções para a taxa Selic em 14,75% ao ano para este ano. As estimativas para os próximos anos seguem inalteradas:
- Para 2026, a previsão da Selic é de 12,50% ao ano.
- Para 2027, a expectativa é de 10,50% ao ano.
- Para 2028, a previsão permanece em 10% ao ano.
Os economistas acreditam que a Selic não deve ficar abaixo de dois dígitos até o fim do governo de Lula, em 2026, e também até o final do atual mandato de Galípolo na presidência do Banco Central, que finalizará em 2028.
Com o cenário de juros altos, os analistas ressaltam que é crucial que o governo também atue com responsabilidade fiscal, incentivando o empreendedorismo e promovendo a simplificação tributária para fortalecer a economia no longo prazo.