Brasil, 14 de maio de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Brasil e China: a relação comercial em pauta e seus riscos

O Brasil é altamente dependente da China para exportações, suscitando discussões sobre o futuro dessa relação e seus riscos.

Desde 2009, a China se consolidou como o maior parceiro comercial do Brasil, porém, essa relação vem acompanhada de preocupações e incertezas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem demonstrado interesse em aprofundar os laços comerciais com o país asiático, mas especialistas alertam para os riscos dessa estratégia. A dependência do Brasil em relação à China, especialmente no setor de commodities, é um tema que merece atenção, tanto pela vulnerabilidade econômica quanto pela necessidade de diversificação de mercados.

A ascensão da China como parceiro comercial do Brasil

A relação comercial entre Brasil e China começou a se intensificar com a decisão de Lula em 2004 de reconhecer a China como uma economia de mercado. Desde então, o comércio bilateral cresceu de forma exponencial, passando de US$ 8 bilhões em 2004 para cerca de US$ 315 bilhões em 2024. Este crescimento foi impulsionado principalmente pela demanda chinesa por commodities brasileiras, como soja, minério de ferro e petróleo, que compõem a maior parte das exportações brasileiras para a China.

Hoje, a China representa aproximadamente 30% das exportações do Brasil, sendo responsável por comprar mais produtos brasileiros do que os seis outros maiores importadores combinados, incluindo os Estados Unidos. Especialistas ressaltam que essa relação é caracterizada por uma dependência mútua, mas com risco elevado para o Brasil, caso haja uma desaceleração na economia chinesa ou mudanças nos preços internacionais das commodities.

Os perigos de uma dependência excessiva

Diplomatas e especialistas apontam que a atual configuração da relação Brasil-China pode ser uma armadilha. Segundo a análise de diversos especialistas consultados, a dependência excessiva pode deixar o Brasil vulnerável a choques econômicos provenientes da China. “Quando você exporta para um único parceiro, corre o risco de que, se houver uma crise econômica naquele país, sua economia será muito afetada”, afirma Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil.

Além disso, a dependência de commodities pode ser problemática. A flutuação dos preços no mercado internacional afeta diretamente a balança comercial brasileira. Durante a desaceleração econômica da China entre 2012 e 2015, a economia brasileira sofreu para lidar com a queda dos preços das commodities, evidenciando a fragilidade dessa relação unidimensional.

Visões contrastantes sobre a relação Brasil-China

Enquanto alguns especialistas afirmam que o Brasil está perigosamente dependente da China, outros defendem que a relação é de complementaridade. Lívio Ribeiro, pesquisador da FGV, salienta que “dependência” pode ter uma conotação negativa e que a relação entre Brasil e China é bilateral, com benefícios de ambos os lados. “Nós somos parceiros complementares”, diz ele, ressaltando que o Brasil produz o que a China consome e vice-versa.

Contudo, a realidade é que 75% das exportações brasileiras para a China consistem em soja, minério de ferro e petróleo, o que sugere uma concentração perigosa nas commodities. Isso traz à tona a necessidade de diversificação nas exportações e na base econômica do Brasil.

O futuro das relações comerciais

Diante desse cenário, o governo brasileiro tem buscado diversificar tanto seus parceiros comerciais quanto suas exportações. O secretário de Relações Exteriores, Eduardo Saboia, mencionou os esforços para ampliar mercados e diversificar a pauta exportadora do Brasil, o que incluiria parcerias com outras regiões do mundo, como o Sudeste Asiático e a União Europeia.

Recentemente, empresas chinesas anunciaram investimentos significativos no Brasil, incluindo a montadora GAC e iniciativas em energias renováveis. Esses investimentos podem sinalizar uma nova fase na relação comercial, onde o Brasil não apenas fornece commodities, mas também começa a se estabelecer como um polo industrial e tecnológico.

A necessidade de revisão e adaptação

A análise aponta que, para o Brasil evitar uma situação de vulnerabilidade, medidas em direção à diversificação das exportações e o fortalecimento de parcerias comerciais com outros países são essenciais. Segundo José Augusto de Castro, presidente da AEB, “a dependência que o Brasil tem da China é perigosa” e a diversificação é um passo necessário para garantir a estabilidade econômica.

No entanto, esse processo não é simples. A construção de novas parcerias e a adaptação da pauta exportadora enfrentam desafios significativos, especialmente considerando as complexidades internas e as mudanças nas relações internacionais.

Finalmente, enquanto a relação Brasil-China continua a se desenvolver e a atratividade do mercado chinês se mantém, é crucial que as autoridades brasileiras identifiquem formas de mitigar os riscos associados à dependência econômica, promovendo um comércio mais equilibrado e sustentável.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes