O governo brasileiro tem adotado uma postura equilibrada e objetiva em relação às políticas comerciais do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo Abrão Neto, CEO da Amcham, o Brasil precisa intensificar o diálogo e buscar mais espaços para negociação. Em suas palavras, “jogar parado não é boa estratégia”. A notável dinâmica do comércio internacional exige ação proativa para que o Brasil não perca competitividade.
A importância da negociação ativa
Na visão de Abrão Neto, o Brasil deve observar com atenção os exemplos de outros países, que já iniciaram negociações para retirar suas exportações do alcance de tarifas, como é o caso do Reino Unido com os EUA. Isso sugere que o Brasil precisa se mover rapidamente para assegurar seus interesses no cenário global. “Se outros países conseguem melhorar sua situação, há perda de competitividade para o Brasil”, reafirma Neto.
Construindo uma agenda de longo prazo
Para garantir um comércio robusto e vantajoso, é essencial que o Brasil caminhe para uma agenda mais abrangente e de longo prazo com os Estados Unidos. Abrão Neto sugere que o país deve se concentrar em interesses comuns que possam beneficiar ambos os lados. Entre as áreas prioritárias estão os minerais críticos e as tecnologias de infraestrutura digital, que estão em alta demanda e oferecem oportunidades significativas de crescimento e investimento.
Desafios e oportunidades no comércio bilateral
O comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos atingiu impressionantes US$ 80 bilhões em 2024, e as perspectivas continuam otimistas. “Há resiliência em diversos setores que garantem a força dessa relação comercial”, acrescenta Neto. No entanto, é preciso estar atento aos desafios, especialmente no que se refere às tarifas e às barreiras não tarifárias, como a propriedade intelectual, que podem impactar diretamente as exportações brasileiras.
Além disso, o CEO da Amcham enfatiza a necessidade de uma agenda mais ampla que inclua não apenas a redução das tarifas, mas também ações específicas que promovam o comércio em setores como aeronáuticos, carne bovina, suco de laranja, e máquinas e equipamentos. “É preciso construir uma agenda bilateral mais abrangente, para destravar oportunidades”, diz ele.
Atraindo investimentos e desonerando o mercado
Para que o Brasil possa aproveitar ao máximo essas oportunidades, é crucial que o país realize sua “lição de casa”, conforme destaca Neto. A atração de investimentos americanos está em pauta, e casos como o da Amazon demonstram que empresas de tecnologia já enxergam potencial no Brasil. Contudo, para que mais empresas sigam esse caminho, o Brasil deve trabalhar para desonerar investimentos e melhorar o ambiente de negócios.
Os investimentos em tecnologia e infraestrutura, além de críticos para a modernização da economia brasileira, podem resultar em benefícios para os dois países, ampliando as trocas comerciais e aprofundando a parceria econômica. Abrão Neto conclui que, para o Brasil se afirmar como um player relevante no comércio internacional, a construção de um diálogo contínuo e a criação de políticas que favoreçam a competitividade são fundamentais.
Diante disso, o Brasil deve se manter atento às dinâmicas do comércio global e continue fortalecendo suas relações com os Estados Unidos, buscando não apenas o crescimento econômico, mas também a construção de um futuro mais sustentável e inovador.