Os recentes acontecimentos no cenário econômico internacional acenderam a esperança dos investidores brasileiros, que veem uma luz no fim do túnel após um período de incertezas marcadas por uma elevação significativa das tarifas sobre produtos chineses por parte do ex-presidente dos EUA, Donald Trump. A trégua firmada entre China e EUA trouxe um novo ânimo ao mercado financeiro, com a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) atingindo recordes e o valor do dólar apresentando queda significativa.
O impacto da trégua comercial no Brasil
Um mês após a implementação do tarifaço, foi registrada uma significativa alta de até 40% nas vendas de produtos chineses para o Brasil. A análise do economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, destaca que a reavaliação do ambiente econômico está em curso, com uma visão mais otimista sobre o crescimento das economias globais. “O ambiente está pró-risco. A redução substancial das tarifas, certificando-se de que estão ainda mais altas do que há três meses, impulsionou uma bateria de revisões nas previsões de crescimento das economias globais”, afirmou Sichel.
As expectativas de uma possível redução nas taxas de juros pelo Federal Reserve, banco central americano, também têm animado o mercado. Isso, combinado com projections de fim do ciclo de alta da Selic, tornou o Brasil um ambiente atrativo para investimentos. A queda do dólar, que acumula uma desvalorização de 9,24% no ano, contribui na redução das pressões inflacionárias, permitindo ao Banco Central facilitar a condução da política monetária para alcançar a meta do IPCA.
Expectativas sobre a Selic e o comportamento do dólar
A possibilidade de uma pausa no ciclo de alta da taxa Selic pelo Banco Central ganhou força após a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que mantém a taxa em 14,75%. Economistas como Marianna Costa, da Mirae Asset, manifestam que há uma expectativa consistente em relação ao fim do ciclo de alta, enquanto a parte mais curta dos contratos de juros futuros reflete essa percepção.
“A ata do Copom sinaliza que o Banco Central está muito perto de encerrar o ciclo de alta”, disse Marianna Costa, que também alertou que o futuro da Selic dependerá da evolução do câmbio e outros indicadores econômicos. Em um ambiente onde o dólar se desvaloriza, o apetite por risco aumenta, fazendo com que os investimentos em renda fixa brasileira se tornem mais atrativos, em comparação com os juros baixos nos Estados Unidos.
O que está movimentando a Bolsa?
A reabertura da economia global e os resultados financeiros positivos das empresas brasileiras também contribuíram para o otimismo do mercado. Com a temporada de balanços registrando lucros expressivos, como o da JBS, que cresceu 77% no primeiro trimestre, e do Nubank, com uma alta de 74%, o Ibovespa mantém uma trajetória de crescimento.
Os diferentes setores também reagiram positivamente, com ações de consumo cíclico, como Magazine Luiza e Renner, subindo mais de 3%. O aumento nas vendas desses setores indica que a confiança do consumidor está voltando.
A alta das commodities
A trégua na guerra comercial também resultou em uma valorização de commodities, como o minério de ferro e o petróleo. O minério, por exemplo, subiu mais de 1%, enquanto o valor do barril de petróleo tipo Brent aumentou 2,57%. Esse cenário melhora as perspectivas de demanda e resulta em ganhos para empresas brasileiras envolvidas na exploração e produção de commodities.
Segundo especialistas do setor, o atual patamar da Selic, aliada a uma recuperação econômica global, coloca o Brasil em um bom momento para atrair investimentos externos. “A percepção de que a taxa de política monetária está elevada e que poderá permanecer assim por um tempo reforça a hipótese de um carrego ainda positivo para o real”, finalizou Sichel.
Portanto, os recentes desenvolvimentos no mercado financeiro refletem não apenas uma recuperação da confiança dos investidores, mas também indicam um fenômeno muito mais amplo, conectando o Brasil às dinâmicas econômicas globais. Com um cenário que promete estabilidade e crescimento, a expectativa é que o otimismo permaneça nas próximas semanas.