Em uma entrevista ao jornal O Globo, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) destacou sua preocupação com a crescente proximidade entre o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Flávio comentou que ambos têm viajado juntos com frequência, o que o faz temer por possíveis influências de Lula sobre Alcolumbre, especialmente em relação à questão da anistia aos envolvidos nos acontecimentos de 8 de janeiro. Segundo Flávio, sua família ainda projeta o ex-presidente Jair Bolsonaro na corrida de 2026 e reafirma que não há uma data limite para considerar o apoio a outro candidato da direita.
A importância de Tarcísio de Freitas na política paulista
O senador considera o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como uma peça fundamental em suas estratégias políticas, visando eleições futuras. Flávio afirmou que Tarcísio é crucial como candidato ao Palácio dos Bandeirantes e que ainda é muito cedo para discutir a eleição de 2026 de forma ampla. Ele elogiou a atuação de Tarcísio, que surgiu como uma figura política importante no cenário nacional, destacando seu trabalho no Ministério da Infraestrutura antes de assumir a governadoria.
Críticas a Michel Temer e acusações sobre Alexandre de Moraes
Flávio também criticou o ex-presidente Michel Temer, que tem buscado articular uma frente de governadores voltada para a direita, argumentando que sua escolha de aliados no passado, como a indicação de Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal, tem sido prejudicial. Segundo o senador, é imprescindível que os candidatos ao Senado pela oposição assumam um compromisso claro em relação ao pedido de impeachment de Moraes, considerando-o uma figura central no que ele chama de “perseguição política” contra opositores do governo atual.
O papel do presidente do Senado nas negociações
Davi Alcolumbre tem assumido um papel de destaque na articulação política, especialmente em meio às negociações sobre o texto da anistia. No entanto, Flávio expressou incertezas sobre quais seriam as intenções do presidente do Senado, uma vez que ele tem mantido uma comunicação próxima com Lula. “Precisamos entender que texto é esse e qual é a estratégia,” afirmou o senador, enfatizando que o apoio à presidência de Alcolumbre estava condicionado ao seu comprometimento com o projeto legislativo.
Demandas da oposição e a CPMI do INSS
Neste clima de tensões políticas, Flávio destacou a pressão que a oposição exerce para instaurar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre o INSS, rebatendo alegações de uma investigação tendenciosa que visaria a proteger aliados do governo. Ele classificou a situação como um “escândalo” que deve ser investigado e que, se não conseguir avançar nas instâncias da própria casa legislativa, a oposição buscará medidas jurídicas para sua instalação.
Expectativas para as eleições de 2026
Sobre as próximas eleições, Flávio Bolsonaro afirmou que Jair Bolsonaro continua sendo um candidato viável, apesar de sua inelegibilidade no momento. Ele reiterou que não há uma pressão específica para que o ex-presidente tome uma decisão definitiva sobre sua candidatura. “Não existe deadline para o Bolsonaro. Tem muita coisa para acontecer,” disse Flávio, expressando otimismo sobre a reversão de suas situações jurídicas atuais. Ele acredita que a disputa em 2026 ainda pode incluir a figura de seu pai, especialmente se as circunstâncias mudarem.
Além disso, Flávio mencionou a possibilidade de uma chapa com membros da família, indicando que ele mesmo pretende se candidatar ao Senado, enquanto outros integrantes da família também têm planos para várias candidaturas. Ele enfatizou que a construção de um candidato à presidência deve incluir necessariamente a voz de Jair Bolsonaro, reforçando sua crença de que não pode existir uma direita sólida sem a participação dele.
Com as tensões políticas em alta e as eleições de 2026 se aproximando, as falas de Flávio Bolsonaro ensaiam um roteiro incerto, mas revelador, da política brasileira nas próximas décadas, destacando disputas internas e externas dentro do campo conservador e a busca por articulações que garantam espaço e voz ao bolsonarismo.