Brasil, 13 de maio de 2025
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Dívida externa e dignidade humana: chamadas à ação na ONU

A Santa Sé destaca a urgência em abordar a crise da dívida externa e a necessidade de um sistema econômico mais justo.

A discussão sobre a dívida externa e sua relação com a dignidade humana foi o foco do discurso do arcebispo Ettore Balestrero, observador da Santa Sé na ONU em Genebra, durante a 26.ª sessão do Grupo de Trabalho sobre o Direito ao Desenvolvimento. Em meio a um contexto de crescente carga financeira sobre os países mais pobres, o arcebispo enfatizou que os “encargos financeiros injustos” são uma violação da dignidade humana e uma ameaça aos equilíbrios globais.

Os desafios relacionados à dívida externa

Durante seu pronunciamento, Balestrero abordou as preocupações urgentes em relação à dívida externa, que mais uma vez voltou a ser um tema central nas discussões globais. Segundo o prelado, os dados são alarmantes: a dívida externa dos países em desenvolvimento quadruplicou nas últimas duas décadas, atingindo a marca de 11,4 trilhões de dólares em 2023. Essa quantia equivale a 99% das receitas de exportação desses países, um índice que, para muitos, significa uma impossibilidade de desenvolvimento.

Atualmente, cerca de 3,3 bilhões de pessoas vivem em nações que gastam mais em juros da dívida do que em setores essenciais como saúde e educação. Balestrero ressaltou que essa situação financeira precária não é meramente um problema econômico, mas uma questão que afeta diretamente a dignidade das pessoas.

Reformas e solidariedade global

A posição da Santa Sé se apresenta como um “chamado à ação” para a comunidade internacional a fim de que se agir sobre esta crise. Segundo Balestrero, é essencial que os sistemas econômicos sejam moldados para servir às pessoas e não o inverso. Para tanto, ele propôs que os empréstimos sejam feitas de forma mais responsável, estabelecendo um novo paradigma que priorize o bem-estar social em detrimento da mera lucratividade financeira.

Esse apelo à responsabilidade também foi ecoado pelo Papa Francisco. Na Encíclica Laudato si, o Papa enfatiza que a dívida externa dos países pobres não deve ser um “instrumento de controle” e que é fundamental garantir que essas nações possam ter um desenvolvimento autônomo. Portanto, enfatizou a importância de reenquadrar os compromissos globais em prol de uma verdadeira “solidariedade global”.

O impacto da crise e a necessidade de ação imediata

Balestrero destacou que a crise da dívida não é apenas uma questão financeira, mas um reflexo de profundas “fraturas” nos sistemas internacionais. A situação atual exige uma abordagem inovadora e colaborativa, onde a justiça e a solidariedade passe a ser valores centrais nas discussões sobre dívida externa e desenvolvimento.

Ele fez um apelo para que as instâncias de decisão internacional reconsiderem os seus métodos, permitindo um verdadeiro recomeço que leve em conta as necessidades das populações mais vulneráveis. A ideia é que não se tratem apenas de números, mas sim das vidas que estão por trás dessas cifras; famílias que enfrentam dificuldades devido a políticas econômicas que muitas vezes não consideram o ser humano em seu centro.

A urgência de um novo paradigma econômico

Em um contexto de crescente disparidade entre países ricos e pobres, a reação urgente se torna necessária. Os princípios que devem guiar essa transição precisam estar calcados na dignidade humana e na busca pelo bem comum. Apenas assim será possível fomentar um ambiente em que a justiça social e o desenvolvimento sustentável caminhem lado a lado.

Portanto, o papel do arcebispo Balestrero e os apelos frequentes da Santa Sé refletem que a busca pela dignidade humana deve ser uma prioridade nas discussões sobre desenvolvimento econômico. Espera-se que essas considerações possam ser traduzidas em ações concretas, promovendo um mundo mais justo e solidário para todos, especialmente para aqueles que mais carecem de atenção.

O desafio está lançado, sendo cada vez mais evidente que a verdadeira mudança depende da colaboração entre nações, organizações internacionais e da própria sociedade civil. Somente assim será possível incluir a dignidade humana no centro das políticas econômicas e sociais.

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