Brasil, 13 de maio de 2025
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Brasil retoma negociações entre Mercosul e Aliança do Pacífico

Diante da crescente pressão protecionista de Trump, Brasil busca reativar acordos comerciais.

O cenário de instabilidade global e a recente ofensiva protecionista do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, reacendem discussões sobre a importância da integração comercial do Brasil com o restante da América Latina e da Ásia. Neste contexto, o país está revisitando as negociações com a Aliança do Pacífico (AP), um bloco que inclui Chile, Colômbia, Peru e México, visando à ampliação das relações econômicas e comerciais na região.

A ofensiva protecionista e suas consequências

A postura de Trump em relação ao comércio internacional trouxe à tona a necessidade de se fortalecer alianças comerciais entre países latino-americanos. A última vez em que as negociações entre Mercosul e a Aliança do Pacífico foram discutidas de forma mais intensa foi em 2021, mas não houve avanços significativos devido a barreiras não tarifárias que limitavam o acesso dos produtos do Mercosul aos mercados dessa aliança.

Com a reeleição de Trump em pauta e sua política protecionista ainda em vigor, figuras chave do governo brasileiro, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, passaram a comentar sobre a possibilidade de um acordo que possa minimizar os efeitos das tarifas impostas pelos EUA. Recentemente, Haddad sugeriu que tais tarifas poderiam, paradoxalmente, acelerar acordos com o Mercosul e a União Europeia.

Reuniões e novos avanços nas negociações

Os primeiros passos para o reatamento das conversas ocorreram em uma reunião privada entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente chileno Gabriel Boric. Durante este encontro, o Brasil sinalizou seu desejo de aumentar a interação comercial com a Aliança do Pacífico, especialmente ao assumir a presidência do Mercosul no próximo semestre.

Em Brasília, analistas afirmam que o cenário atual permite que o governo convença os outros membros do Mercosul — Argentina, Uruguai e Paraguai — a retomar a agenda de integração, que foi perdida nos últimos anos. O bloco já avançou em acordos com outras nações, como a recente parceria comercial com Cingapura e tratativas com a União Europeia e a Associação Europeia de Comércio Livre.

A Relevância da Aliança do Pacífico

A Aliança do Pacífico, formada em 2012, apresenta-se como uma alternativa mais flexível em comparação ao Mercosul, permitindo negociações individuais entre seus membros e com países fora do bloco, diferentemente do Mercosul que possui regras mais rígidas sobre comércio externo.

Segundo Flavia Loss, professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a Aliança é crucial para que o Brasil possa estreitar laços comerciais com a Ásia. Países que fazem parte desse bloco têm ampliado suas relações comerciais com mercados asiáticos, o que poderia beneficiar o Mercosul em um eventual acordo.

Os desafios pela frente

No entanto, especialistas apontam que um novo acordo pode ter efeitos limitados, visto que o Brasil já possui tratados comerciais com os membros da Aliança do Pacífico. Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil, ressalta que, apesar das limitações práticas, a sinalização de um acordo é positiva e pode criar novos horizontes para o comércio interamericano.

Um fator sem dúvida complicado é a pressão do governo argentino, sob a liderança de Javier Milei, que tem demonstrado interesse em negociar diretamente com os Estados Unidos. Recentemente, a Argentina pressionou o Mercosul a reconsiderar essa postura, solicitando que, caso o bloco optasse por não negociar, permitisse que o país realizasse tratativas em separado.

Quais serão os próximos passos?

Com a pressão externa e interna ampliando, o governo brasileiro terá de articular suas negociações de maneira cuidadosa, especialmente no que se refere às regras da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, que proíbe os membros de negociaram acordos separados que possam prejudicar a indústria local.

Ademais, é fundamental que o Brasil busque criar condições favoráveis para a ampliação de seus acordos comerciais, ao mesmo tempo em que equilibra seus interesses em um cenário de crescente competição global. O futuro das relações entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico pode, portanto, representar um importante passo em direção à maior integração e fortalecimento econômico da América Latina.

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