Nesta terça-feira (13), Brasil e China divulgaram duas declarações conjuntas, marcando um importante passo nas relações bilaterais, durante a missão do Brasil em Pequim. A primeira declaração destaca a importância do diálogo entre Rússia e Ucrânia, buscando uma resolução pacífica para o conflito entre os dois países. A segunda se concentra na defesa do multilateralismo e na promoção de ações sustentáveis, visando enfrentar os efeitos das mudanças climáticas.
A importância do diálogo na crise ucraniana
A declaração conjunta referente à crise na Ucrânia expressa a adesão de Brasil e China à proposta do presidente russo, Vladimir Putin, que propõe abrir negociações para a paz. A declaração também acolhe a disposição do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em alcançar um entendimento similar. “Os governos do Brasil e da China esperam que se inicie, no menor prazo possível, um diálogo direto entre as partes”, afirma o documento, ressaltando que essa é a única forma de cessar o conflito atual.
“É necessário encontrar uma solução política para a crise na Ucrânia em suas raízes, com vistas a um acordo de paz duradouro e justo”, complementa a declaração.
Além disso, Lula fez críticas às ações de Israel na Faixa de Gaza, enfatizando a necessidade de um Estado palestino independente como parte da solução de conflitos no Oriente Médio. Durante os discursos, o presidente brasileiro utilizou uma linguagem clara para criar uma conexão humana sobre a importância do bem-estar e da paz global.
Defendendo o multilateralismo e a sustentabilidade
A segunda declaração aborda amplamente temas de paz e estabilidade, com ênfase na situação no Oriente Médio, em especial no apoio ao Plano de Recuperação, Reconstrução e Desenvolvimento de Gaza. Brasil e China convocam a comunidade internacional a garantir a implementação do cessar-fogo e a redução da crise humanitária na região, buscando uma solução definitiva para o conflito Israel-Palestina.
“Apoio à solução de dois Estados é fundamental, com um Estado da Palestina viável e independente, coexistindo em paz ao lado de Israel”, reforça a declaração.
Ambos os países reafirmaram seu compromisso em trabalhar de forma conjunta para defender o multilateralismo, destacando a importância de um sistema internacional mais justo e equitativo. Essa abordagem é crucial em um cenário global onde o unilateralismo e o protecionismo estão em ascensão.
Reforma da ONU e o papel do Brasil
O desejo de uma reforma no Conselho de Segurança da ONU também foi mencionado, apontando a necessidade de tornar a instituição mais democrática e representativa. O documento reconhece a influência de Brasil em questões internacionais e busca apoiar a aspiração brasileira de um papel mais ativo na ONU.
“A parte chinesa atribui grande importância ao papel que o Brasil exerce e compreende a necessidade de reforma abrangente na arquitetura financeira internacional”, diz o texto.
De maneira assertiva, o Brasil reafirmou seu compromisso com a política de “uma só China”, reconhecendo a soberania chinesa sobre Taiwan. Esse posicionamento foi recebido com entusiasmo pelo governo chinês, sinalizando uma aliança mais estreita entre as duas nações.
Enfrentando as guerras comerciais e promovendo o desenvolvimento humano
O documento critica as guerras tarifárias, especialmente aquelas fomentadas por medidas protecionistas, como as implementadas pelos Estados Unidos. Ademais, enfatiza a importância da cooperação entre países do Sul Global, focando em desafios como a pobreza, saúde, educação e desenvolvimento sustentável.
Brasil e China destacam a necessidade de fortalecer parcerias em áreas como infraestrutura, saúde, inteligência artificial e energias renováveis. Tal colaboração é vista como essencial para enfrentar desafios globais, especialmente em um mundo que luta contra as mudanças climáticas e as crises humanitárias.
Como um ponto positivo, a declaração enfatiza a busca por um ciberespaço aberto e seguro, propondo medidas para combater a desinformação. A cooperação científica em agricultura e inovação tecnológica também foi mencionada, refletindo a visão de um futuro construído sobre a base da colaboração e do desenvolvimento mútuo.
Em resumo, as declarações conjuntas Brasil-China não apenas realçam a importância do diálogo em temas globais e regionais, mas também reafirmam um compromisso com a paz, a sustentabilidade e o multilateralismo, fundamentais para enfrentar os desafios do século XXI.
