No último conclave, o cardeal Robert Prevost foi eleito como o novo líder da Igreja Católica, adotando o nome de papa Leão XIV. Com forte ligação à Ordem de Santo Agostinho, que teve sua fundação formal em 1244, ele ressaltou sua identidade agostiniana em seu discurso inaugural. Essa escolha ressoa profundamente, especialmente para católicos que reconhecem a importância da ordem na história da Igreja.
A Ordem de Santo Agostinho no Brasil
A presença dos agostinianos no Brasil remonta ao período do Império, mas muitos desafios marcaram sua história. O frei Eberson Naves, membro da Ordem de Santo Agostinho (OSA), relata que os primeiros frades chegaram a Salvador, na Bahia, por volta de 1693. Eles fundaram um convento e uma igreja que resistiram por mais de um século, até serem forçados a retornar a Portugal durante a supressão promovida por Pedro I.
O retorno efetivo dos agostinianos ao Brasil ocorreu no século XIX. Frades das Filipinas e recoletos, oriundos da província espanhola, foram enviados para reestabelecer a missão. “Eles tinham a missão de evangelizar e fundar instituições de ensino, ancorando-se na espiritualidade agostiniana”, explica Naves.
A partir de 1899, a ordem iniciou uma nova fase no Brasil. Entre 1929 e 1933, mais agostinianos chegaram, expandindo sua atuação para estados como São Paulo, Minas Gerais e Paraná, além de abrir missões no Amazonas e Goiás. Atualmente, o Brasil abriga duas províncias distintas da ordem agostiniana :
- Província Agostiniana Nossa Senhora da Consolação do Brasil: Com sede em Belo Horizonte e atuação em estados como Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro.
- Província Agostiniana do Brasil: Sediada em São Paulo, também está presente em diversas localidades no Nordeste e Sul do país.
Frei Naves afirma que, graças à dedicação contínua dos frades, a jornada agostiniana no Brasil tem se fortalecido. Apesar dos desafios enfrentados ao longo dos anos, a missão da ordem permanece viva e relevante.
A espiritualidade agostiniana na prática
A Ordem de Santo Agostinho é reconhecida como uma das principais ordens mendicantes da Igreja Católica, com raízes que datam do século XIII. A fundação como a conhecemos hoje foi formalizada pelo papa Inocêncio III, que uniu diversos grupos seguindo as regras e a espiritualidade de Santo Agostinho. Em 1256, o papa Alexandre IV consolidou a ordem entre as mendicantes, possibilitando sua expansão pelo mundo.
Os princípios da ordem são embasados em três pilares: interioridade, vida comunitária e serviço dedicado à Igreja e à humanidade. Segundo frei Naves, a busca por Deus e a partilha são essenciais para a prática agostiniana, que visa unir as comunidades em torno de uma espiritualidade coletiva.
Atualmente, a ordem está presente em 42 países e conta com aproximadamente 2,6 mil membros. A chamada “Grande Família Agostiniana” inclui diferentes ramos, como os Agostinianos Recoletos e as Agostinianas Missionárias, que desenvolvem trabalhos sociais e espirituais diversos.
O papel do papa Leão XIV
O novo papa Leão XIV traz consigo uma rica trajetória. Nascido nos Estados Unidos, ele foi ordenado sacerdote em 1982 e se destacou como professor, bispo e missionário no Peru por mais de duas décadas. Com fluência em espanhol e italiano, ele se dedicou a visitar ordens em todo o mundo, promovendo uma Igreja mais acessível e próxima dos fiéis.
A expectativa em torno do papa Leão XIV é de que sua liderança reflita sua formação e experiência agostiniana. “Acreditamos que suas palavras e ações serão marcadas por essa espiritualidade. Para nós, agostinianos, é uma grande alegria ter um papa que se identifica como filho de Santo Agostinho”, finaliza frei Naves.
O olhar esperançoso sobre a liderança de Leão XIV não apenas reitera a continuidade dos princípios agostinianos, mas também fortalece a presença e a relevância da ordem dentro da Igreja em um mundo cada vez mais complexo e desafiador.
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