No último dia 12, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista ao Canal UOL, fez um apelo por uma abordagem mais generosa dos Estados Unidos em relação à América Latina, especialmente no que diz respeito aos países da América do Sul. A declaração, proferida em São Paulo, veio após uma reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.
A necessidade de um olhar estratégico dos EUA
Durante a conversa, Haddad destacou que a aplicação de tarifas sobre países latino-americanos, que já enfrentam uma relação econômica deficitária com os EUA, não faz sentido. “Como é que você taxa uma região que é deficitária? Do ponto de vista econômico, isso não faz o menor sentido”, afirmou o ministro. Haddad enfatizou que a responsabilidade recai sobre os EUA, que devem considerar um desenvolvimento econômico mais equilibrado em todo o continente.
“Os Estados Unidos têm muito a ganhar com um maior equilíbrio regional, um maior desenvolvimento, inclusive industrial, de todo o continente”, acrescentou Haddad, destacando as vulnerabilidades atuais da América do Sul.
O ministro também observou que o governo brasileiro está cauteloso em relação à guerra comercial entre China e Estados Unidos, buscando acordos sem tomar partido. Ele acredita que os EUA estão tentando reequilibrar suas variáveis macroeconômicas, que estão se tornando problemáticas.
Fraude na Previdência e combate à corrupção
Além de discutir questões econômicas, Haddad abordou um tema sensível: as fraudes na Previdência. Descobertos recentes esquemas fraudulentos que envolvem associações e sindicatos cobrando ilegalmente de aposentados e pensionistas geraram indignação nacional. Para Haddad, este é um escândalo que exige punição exemplar aos responsáveis. “Isso é uma coisa indigna num grau que acho que enojou o país inteiro”, declarou.
O ministro reafirmou a importância de deixar as investigações nas mãos da Polícia Federal, comparando a situação atual a um escândalo que enfrentou durante sua gestão na Prefeitura de São Paulo. “A partir do momento que a Polícia Federal está envolvida, não se trata mais de um governo, é uma instituição de Estado, o Estado brasileiro reprimindo o crime”, argumentou.
Perspectivas de crescimento econômico
Sobre a economia brasileira, Haddad previu um crescimento de 2,5% no Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, com a expectativa de uma taxa média de crescimento de 3% ao longo dos quatro anos do governo Lula. “Isso aí não tem menor dúvida. O presidente Lula vai chegar ao seu quarto ano de mandato com o Brasil em uma situação muito melhor do que a que recebeu”, assegurou.
O ministro permanece otimista quanto ao futuro econômico do Brasil, apesar dos desafios impostos pelas altas taxas de juros.
Desafios da inflação do café
Outro ponto abordado foi a inflação do café, que, segundo Haddad, tem gerado preocupações sobre o preço do produto no mercado. O governo está ciente da situação e criou um grupo de trabalho específico para estudar as questões relacionadas ao café. “Não é simples resolver, porque um pé de café não é um pé de feijão.”
Questões envolvendo o Banco Master
Sobre o Banco Master, Haddad afirmou que questões relativas à instituição são de competência do Banco Central, destacando os desafios que a instituição enfrenta no mercado financeiro, incluindo a dificuldade em captar recursos. O cenário atual levanta dúvidas sobre a saúde financeira do banco, especialmente após tentativas frustradas de emissão de títulos e problemas relacionados a precatórios.
O ministro concluiu que um bom planejamentopara solucionar esses e outros desafios econômicos é essencial para o crescimento do Brasil e para um fortalecimento das relações com os Estados Unidos e a América Latina. Assim, espera-se que esses assuntos sejam tratados com seriedade e foco na melhoria das condições econômicas da região.