O escândalo de fraudes nos descontos do INSS gerou uma onda de reações nas redes sociais que superou até mesmo crises anteriores de grande visibilidade, como a crise do Pix e a internação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Um levantamento realizado pela pesquisa Quaest, divulgado nesta segunda-feira, mostra que a discussão sobre os descontos não autorizados em aposentadorias e pensões dominou conversas em grupos de WhatsApp, Discord e Telegram.
Escândalo do INSS em números
Segundo a pesquisa, foram mapeadas cerca de 3,6 milhões de mensagens que mencionavam diretamente o caso entre os dias 21 de abril e 7 de maio. Para tal, a Quaest acompanhou 30 mil grupos públicos, empregando a metodologia de social listening, que permite identificar tendências e sentimentos nas conversas online. Os primeiros 15 dias após a deflagração da operação de investigação geraram um volume de mensagens 2,6 vezes maior em comparação com a repercussão da suposta taxação do Pix.
É importante destacar que metade das mensagens capturadas sobre o escândalo do INSS continha críticas, enquanto apenas 3% delatavam a defesa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O estudo revela também que a mobilização em torno do tema superou até mesmo o interesse pela saúde do ex-presidente Bolsonaro e a polêmica discussão sobre a anistia para os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro.
Momentos de pico de repercussão
A evolução das menções ao escândalo nos grupos de mensageria revela três momentos cruciais em que houve um aumento significativo na discussão:
- O primeiro momento ocorreu logo no primeiro dia da deflagração da operação, em 23 de abril;
- O segundo auge se deu no dia da divulgação do relatório da Polícia Federal, em 29 de abril;
- O terceiro momento ocorreu entre o último domingo e esta segunda-feira, impulsionado pela publicação de um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) sobre o tema.
O vídeo compartilhado por Nikolas teve um impacto extraordinário, resultando em 108% mais menções nos dois dias seguintes à sua publicação se comparado ao vídeo relacionado ao Pix, que foi divulgado em janeiro de 2025.
Entenda a investigação do INSS
A investigação, comandada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União, iniciou uma megaoperação para combater os descontos não autorizados que afetaram muitos beneficiários do INSS. O chefe do órgão responsável, Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo por decisão judicial e posteriormente demitido pelo presidente Lula.
A operação mobilizou centenas de policiais e auditores e foi autorizada pela Justiça do Distrito Federal para investigar um esquema nacional que resultou em descontos associados em aposentadorias e pensões sem autorização dos beneficiários. As investigações indicam que os valores descontados podem alcançar a cifra de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, embora ainda haja necessidade de apurar a porcentagem que foi descontada ilegalmente.
Os dados revelam que os beneficiários tiveram descontos aplicados como se fossem membros de associações de aposentados, mesmo sem ter fornecido autorização para tal. Após o escândalo, o governo anunciou a suspensão de todos os acordos que permitiam descontos nas aposentadorias, buscando proteger os direitos dos beneficiários.
Essa situação trouxe à tona discussões importantes sobre a transparência e a segurança dos processos relacionados aos benefícios previdenciários. A repercussão continua a gerar debates significativos nas redes sociais e na sociedade em geral.
O escândalo do INSS não é apenas um problema administrativo; trata-se de uma questão que afeta diretamente a vida de milhões de brasileiros, gerando indignação e exigindo respostas rápidas e eficazes das autoridades para restaurar a confiança na gestão pública.