No início desta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou uma visita oficial à China, onde se espera consolidar acordos significativos que podem impactar a agricultura brasileira e a busca por energia sustentável. Um dos principais objetivos é a assinatura de um contrato com a CNCEC (China Chemical) para a realização de estudos sobre a viabilidade técnica e financeira da instalação de uma fábrica de fertilizantes no Brasil.
Expectativas para a indústria de fertilizantes
De acordo com fontes do governo, o foco principal desses estudos é a criação de uma planta de fertilizantes nitrogenados que teria uma capacidade de produção de 520.000 toneladas de ureia por ano. Essa iniciativa surge em um momento em que o Brasil é o maior importador de fertilizantes do mundo, com as compras internacionais alcançando um recorde de 44,3 milhões de toneladas em 2024, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
As compras do Brasil aumentaram em 8,3% em comparação ao ano anterior, evidenciando a crescente dependência do país em relação a insumos agrícolas importados. Essa nova fábrica, portanto, pode representar um passo importante para a independência do Brasil nesse setor, aliviando a pressão sobre as importações e incentivando a produção local.
Cooperação em energia renovável
Além do projeto para a fábrica de fertilizantes, há também a expectativa de que Lula assine um memorando de entendimento com a Windey, uma estatal chinesa especializada em turbinas eólicas e soluções de energia renovável. O acordo abrange colaboração em áreas como energia eólica, armazenamento de energia e soluções energéticas sustentáveis no Brasil.
Esse acordo inclui a criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento com foco em tecnologias de baixo carbono e na aplicação de energias renováveis em áreas agrícolas remotas, além de incentivar a instalação de fábricas de equipamentos no Brasil. Esses passos são cruciais, especialmente em um momento em que o Brasil busca mitigar os impactos das mudanças climáticas e aumentar a eficiência energética.
Investimentos na transição energética
A visita de Lula também deve resultar na assinatura de um protocolo de intenções voltado para investimentos em sistemas de transmissão de energia elétrica, energia nuclear, geração renovável e medidas relacionadas à transição energética. A intenção é avançar na modernização e diversificação da matriz energética brasileira, almejando uma uma produção mais sustentável.
Os esforços de Lula na China não estão apenas restritos a acordos com empresas. Até agora, os negociadores brasileiros e chineses já firmaram 16 documentos que cobrem uma variedade de setores, incluindo agricultura, infraestrutura, saúde, educação e cooperação tecnológica, enquanto outros 32 documentos estão sendo discutidos. A expectativa é que esses acordos proporcionem um crescimento significativo nas relações bilaterais entre os dois países.
Vale lembrar que essa visita de Estado de Lula à China acontece em um contexto onde já foram estabelecidos laços comerciais profundos durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil em novembro do último ano, quando 37 acordos foram firmados em diversas áreas.
O impacto na economia brasileira
Esses acordos não apenas são fundamentais para a política externa do Brasil, mas também para o desenvolvimento econômico interno. Com a potencial instalação de novas fábricas e a implementação de tecnologias limpas, espera-se uma aceleração no crescimento do setor agrícola e energético. A capacidade de produzir fertilizantes localmente pode, em longo prazo, reduzir custos para os agricultores e, consequentemente, impactar os preços dos produtos alimentícios no mercado interno.
À medida que o Brasil navega por essas novas parcerias, o foco em sustentabilidade e inovação se torna cada vez mais essencial, buscando não apenas eficiência na produção, mas também um compromisso real com a preservação ambiental. Com a crescente demanda por alimentos e energia, as estratégias adotadas durante essa visita podem desenhar um novo futuro para o Brasil, alinhado a práticas que promovam tanto o crescimento econômico quanto a proteção do nosso ecossistema.
A visita de Lula à China, marcada para os dias 12 e 13 de maio, é um momento chave para engajamentos que podem transformar a realidade econômica e ambiental do Brasil nas próximas décadas. Ao buscar diversificar suas fontes de insumos e aumentar a produção interna de fertilizantes, o Brasil poderá se posicionar de forma mais assertiva no cenário global, diminuindo a dependência de importações e promovendo o desenvolvimento sustentável.