Brasil, 12 de maio de 2025
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Após suspensão do controle cambial, Milei busca injetar dólares no mercado argentino

A suspensão do controle cambial na Argentina traz novos desafios para o governo de Milei, que busca normalizar a economia.

Após anos de instabilidade econômica e um controle cambial que perdurou por mais de uma década, a Argentina, sob a liderança do presidente Javier Milei, vivencia uma nova fase em sua política econômica. A recente suspensão do chamado cepo cambial, que limitava a negociação de dólares, promete não apenas revitalizar a confiança dos investidores locais, mas também almeja a injeção de até US$ 214 bilhões que os argentinos mantêm guardados, muitos deles literalmente debaixo de colchão.

Um passo em direção à normalização econômica

Embora muitos temessem uma desvalorização do peso e uma corrida para a compra de dólares logo após a mudança de política, a realidade foi diferente. Em Buenos Aires, o dólar não subiu descontroladamente e as transações nas cuevas, nome dado ao mercado paralelo de câmbio, diminuíram drasticamente. A reportagem do GLOBO confirmou que, muito além das expectativas, o clima no país é um de normalização e estabilidade.

Essa mudança significativa teve como paliativo a palavra de Milei, que garantiu que a economia soft seria um novo alicerce para seus compatriotas. “Se esse dinheiro for investido na Argentina, imaginem o que seria esse país”, afirmou a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, referindo-se aos bilhões que permanecem fora do sistema econômico.

Medidas para estimular o investimento interno

A Casa Rosada está preparando um conjunto de medidas que visa garantir a entrada desses dólares não apenas para restabelecer a confiança no sistema financeiro, mas também para estimular a economia local. Entre as propostas discutidas, está a dispensa da obrigação de justificar a origem do dinheiro, um aspecto que teve grande peso em deter muitos argentinos de trazer seus dólares de volta ao sistema.

O plano de Milei é audacioso e, embora críticas e desconfianças ainda permaneçam, ele acredita que ao instigar as pessoas a utilizarem seu dinheiro, a economia se beneficiaria em várias frentes. “Vocês não colocaram os dólares debaixo do colchão porque odeiam o país”, disse Milei, “mas porque no outro lado havia um governo que se aproveitava da inflação”, desafiando assim a narrativa de ineficiência que permeou administrações passadas.

Os desafios da informalidade e o mercado paralela

Contudo, o cenário ainda apresenta desafios. A grande maioria das pequenas e médias empresas na Argentina opera com parte da contabilidade “em negro”, ou seja, fora do sistema formal. Isso implica que muitos continuam a utilizar o mercado paralelo para realizar transações diariamente. O economista Gustavo Lazzari, que empresta sua voz aos desafios enfrentados por empresários argentinos, observa que “se Milei conseguir que as pessoas tirem o dinheiro de debaixo do colchão, será revolucionário”.

No Centro de Buenos Aires, embora os arbolitos (cambistas) ainda estejam visíveis, o movimento diminuiu consideravelmente. A expectativa da população é otimista, mas permeada por um certo ceticismo, à medida que observam os desdobramentos dessa nova era econômica.

O futuro da economia argentina

Para Javier Milei, a sua proposta mais ousada – a dolarização endógena – pode começar a ganhar forma nos próximos meses. A ideia é permitir que os dólares dos próprios argentinos possam modificar o panorama econômico de forma que, hipoteticamente, o uso do peso fique restrito apenas ao pagamento de impostos. Para tamanha metamorfose econômica, o fechamento do Banco Central também retorna ao debate, conforme ressaltou o presidente.

A alternativa está na construção de um ambiente que permita a esses cidadãos confiar em seu governo e, mais importante, introduzir seus dólares guardados na economia real. A estabilidade atual possibilita um momento propício, mas a confiança, um ativo escasso na história financeira da Argentina, ainda deve ser cultivada com ações e resultados claros.

Em meio a uma luta constante pela recuperação econômica, os próximos passos de Milei serão cruciais para determinar se a Argentina está realmente navegando em águas mais tranquilas ou se o velho hábito de esconder dinheiro debaixo do colchão persistirá.

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