A inflação no Brasil, especialmente a “fora do lar”, que abrange comidas e bebidas consumidas em bares, restaurantes e lanchonetes, tem registrado números alarmantes. Dados recentes da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) apontam que a inflação nessa categoria superou a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Essa realidade tem gerado uma pressão significativa sobre os proprietários de estabelecimentos, muitos dos quais não conseguiram reajustar o cardápio nos últimos 12 meses, conforme o relato de 33% dos empreendedores consultados pela Abrasel. A dificuldade em repassar os custos elevados para os consumidores se traduz em margens de lucro cada vez mais estreitas.
Descompasso entre custos e preços
A situação se agrava quando se observa que, enquanto os preços dos alimentos e bebidas sobem, os custos operacionais, que incluem itens como energia, aluguel e salários, aumentam ainda mais rapidamente. Essa dinâmica resulta em um cenário complicado para os empresários do setor, que, segundo a Abrasel, têm se esforçado para manter seus preços o mais baixos possível, embora a necessidade de ajustes se torne cada vez mais evidente.
Em um comunicado recente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o índice geral da inflação acumulou uma alta de 5,53% em 12 meses. Ao mesmo tempo, na alimentação fora do domicílio, esse aumento foi de 7,61%, deixando claro que a situação do setor alimentar é ainda mais complexa do que a média dos preços no Brasil.
O impacto dos preços dos insumos
Os dados fornecidos pela Abrasel revelam que diversos insumos essenciais para a operação de restaurantes apresentaram aumentos significativos nos últimos meses. Por exemplo, o preço da carne subiu 22,24%, enquanto o frango aumentou 9,16%. Além disso, produtos como ovos de galinha e refrigerantes também tiveram elevações, com aumentos de 16,74% e 7,08%, respectivamente. Esse cenário pressionou ainda mais a intricada relação entre custo e preço no setor.
Além da escalada de preços, muitos empresários ainda enfrentam dívidas acumuladas durante o período da pandemia. A recuperação completa do setor parece ainda distante, com muitos estabelecimentos lutando para se manter de pé em um ambiente econômico desafiador.
Planos de recuperação para o setor
Para enfrentar esses desafios, a Abrasel lançou o Plano Nacional de Restauração de Bares e Restaurantes no final de 2024. O programa busca oferecer suporte a empresas do setor através de articulação de políticas públicas, parcerias com agências de fomento, como Sebrae e Senac, e engajamento da iniciativa privada.
“Nosso objetivo é dar fôlego ao setor, garantindo não só a sobrevivência, mas também condições para que bares e restaurantes voltem a crescer de forma sustentável”, afirmou Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel. Essa iniciativa demonstra a importância de unir esforços em prol da recuperação e sustentabilidade do setor gastronômico no Brasil.
Conclusão
Em suma, a inflação fora do lar está impactando severamente os bares e restaurantes brasileiros, levando muitos empresários a um estado crítico, em que a margem de lucro se torna cada vez mais apertada. O não reajuste dos preços, somado ao aumento exponencial dos custos operacionais e à carga de dívidas da pandemia, põe em risco a continuidade dos negócios. As ações propostas pela Abrasel são um passo importante na direção da recuperação, mas a execução eficaz dessas medidas será essencial para a sobrevivência e o crescimento futuro do setor.
À medida que os desafios persistem, a união e a colaboração entre os empreendedores e as instituições podem fazer a diferença para revitalizar o setor econômico que, mesmo diante da adversidade, continua a ser uma parte vital da cultura e economia brasileira.