Brasil, 11 de maio de 2025
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Violência sexual masculina no Brasil: dados alarmantes de 2020 a 2024

Mais de 45 mil homens foram vítimas de violência sexual no Brasil entre 2020 e 2024, com recordes alarmantes em janeiro de 2025.

Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado um aumento preocupante nos casos de violência sexual, afetando também a população masculina. Entre 2020 e 2024, foram registrados 45.716 homens como vítimas de estupro e outras formas de agressão sexual. O ano de 2022 se destacou negativamente, com 10.603 casos reportados, um aumento de 29,4% em relação a 2020, quando houve 8.188 ocorrências.

Recordes em janeiro de 2025

O início de 2025 trouxe à tona dados ainda mais alarmantes. Apenas em janeiro, o Brasil registrou 1.117 casos de violência sexual contra homens, o maior número em seis anos. Este número é um recorde em relação aos meses de janeiro nos anos anteriores: 819 em 2021, 629 em 2022 e 753 em 2023. Em comparação a 2020, quando o mês teve 832 registros, é evidente um aumento significativo em apenas um ano.

Mulheres ainda são a maioria das vítimas de violência sexual

É importante destacar que, apesar do aumento dos registros de homens como vítimas, as mulheres continuam a ser as principais vítimas da violência sexual no Brasil. No mesmo período de 2020 a 2024, 339.598 mulheres foram registradas como vítimas. Isso representa 88,1% do total de casos analisados, enquanto os homens corresponderam a apenas 11,8%.

Apoio e conscientização com a ONG Memórias Masculinas

Diante desse cenário, iniciativas como a ONG Memórias Masculinas têm surgido para oferecer apoio psicológico a homens vítimas de violência sexual. Fundada em 2020 pelo psicólogo Denis Ferreira, a ONG tem como objetivo proporcionar um espaço seguro para que esses homens possam buscar ajuda.

Ferreira, que tem experiência no atendimento a vítimas de violência, observou que muitos dos homens que procuram a terapia não falam imediatamente sobre suas experiências traumáticas, mas acabam mencionando-as durante as sessões. Desde sua criação, a ONG recebeu 400 pedidos de atendimento, mas apenas cerca de 50% dos homens que solicitaram ajuda compareceram às consultas.

“A maioria dos homens não responde aos nossos contatos ou simplesmente não aparece. Aqueles que aceitam ajuda geralmente já conversaram sobre a agressão com alguém. Os que nunca falaram com ninguém são extremamente improváveis de nos procurar”, explica Ferreira.

Tabus e desafios para o reconhecimento da violência

Os tabus e a construção social da masculinidade correta são desafios adicionais para o reconhecimento e a busca de ajuda por parte dos homens. Ferreira observa que 90% das agressões sexuais contra homens são cometidas por outros homens, criando uma complexidade a mais na questão, já que muitas vezes, essa experiência é vista como uma agressão homossexual, o que gera um estigma adicional.

Além disso, os homens são tradicionalmente educados para serem fortes e autossuficientes, o que dificulta a aceitação do papel de vítima. “A violência é percebida como uma falha dessa masculinidade, já que o homem não conseguiu se defender. Como resultado, eles tendem a se sentir envergonhados e relutam em buscar ajuda”, continua Ferreira.

A ausência de uma educação sexual adequada e voltada para o empoderamento masculino é uma barreira importante que impede esses homens de falarem abertamente sobre suas experiências. Ferreira destaca que muitos homens nem sempre se reconhecem como vítimas, especialmente quando o agressor é uma mulher, o que pode levar à negação do ocorrido.

A importância de continuar o diálogo

O aumento alarmante das vítimas masculinas de violência sexual é um reflexo da necessidade de discutir e abordar a questão de maneira abrangente. É fundamental promover campanhas de conscientização que ajudem a desmistificar a masculinidade tradicional e incentivem os homens a buscar apoio terapêutico e psicológico. Somente através da destigmatização e educação é que será possível criar um ambiente mais seguro e acolhedor para todos os sobreviventes de violência sexual.

Com a continuidade desse debate, espera-se que mais homens se sintam confortáveis para compartilhar suas histórias e buscar a ajuda necessária, contribuindo para a quebra dos ciclos de silêncio e vergonha que cercam a violência sexual.

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