O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita a Moscou, reafirmou o compromisso do Brasil em atuar ativamente para o fim do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Durante sua estadia, que ocorreu na quinta (8) e sexta-feira (9), Lula deixou claro que sua posição em relação à paz permanece intacta e que o Brasil está disposto a contribuir para a resolução deste conflito que já dura mais de um ano.
Diálogo aberto para a paz
Em entrevista coletiva ao deixar Moscou, Lula enfatizou que a proposta de diálogo está aberta a diversos países e destacou que a guerra só acabará com a vontade dos dois lados em negociação. “Se um só quiser, não vai acabar”, declarou, redobrando sua necessidade de um acordo pacífico que envolva tanto a Rússia quanto a Ucrânia.
O presidente brasileiro reiterou sua posição contra a ocupação territorial de países, expressando que o Brasil faz parte de um grupo de amizade internacional, juntamente com a China, composto por 13 países emergentes que estão dispostos a ajudar nas negociações. “Dissemos ao presidente Putin que estamos prontos para ajudar, caso seja solicitado”, comentou Lula.
Críticas à situação no Oriente Médio
Além de abordar a situação da guerra na Europa, Lula também fez menção à recente escalada de violência na Faixa de Gaza. Ele criticou as ações do governo israelense e descreveu a situação como um “genocídio”. “A única coisa que interessa nesse momento é discutir a volta à normalidade no mundo, não é só aqui, é na Faixa de Gaza também”, afirmou, afirmando que a guerra e a violência só trazem sofrimento.
“A Europa está voltando a se armar com medo de guerra, o que é uma loucura. Estamos gastando trilhões de dólares com armas, quando o mundo precisa urgentemente de investimento em educação, saúde e alimentação”, destacou Lula, reforçando a necessidade de um enfoque no multilateralismo.
Comemorações do Dia da Vitória
A visita de Lula a Moscou coincidiu com as celebrações dos 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, considerado um feriado crucial na Rússia. Lula também se posicionou sobre as críticas referentes ao desfile militar, argumentando que seria mais adequado celebrar a vitória sobre o nazismo do que criticar a Rússia por suas comemorações. “A Europa inteira deveria estar fazendo festa ontem, no dia da vitória contra o nazismo”, disse.
O presidente enfatizou a importância de respeitar a memória dos que pereceram na guerra, afirmando que a juventude da Rússia foi severamente afetada durante aquele período.
Independência do Brasil nas relações internacionais
Questionado sobre as recentes declarações do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, que sugeriu que os EUA devem “recuperar seu quintal” na América Latina, Lula foi firme ao afirmar que o Brasil não é um “quintal” de ninguém. “O Brasil não quer ser melhor, mas não aceitará ser inferior a ninguém. Desejamos ser tratados em igualdade de condições”, declarou, reafirmando a soberania brasileira nas relações internacionais.
Com um crescente embate comercial entre Estados Unidos e China, Lula destacou a busca por um comércio mais flexível e justo, que beneficie países menores e mais necessitados. “Discutirei isso com o presidente Xi Jinping durante minha visita à China, na segunda-feira”, revelou.
Neste semestre, o Brasil ocupa a presidência do Brics, que culminará em uma cúpula de líderes no Rio de Janeiro em julho, onde espera-se abordar questões de reforma global e desenvolvimento sustentável, sempre com foco na inclusão social.
Lula concluiu sua visita a Moscou com a sensação de que o Brasil está se reafirmando como um ator importante nas discussões de Paz e desenvolvimento global, centralizando cada vez mais sua posição nas negociações internacionais.
Com a manutenção do diálogo e a busca por um mundo mais pacífico, o presidente brasileiro deixa uma mensagem clara: o Brasil está comprometido em ser um agente de mudança e paz.