A popularidade dos bebês reborn, bonecas realistas que se parecem com verdadeiros recém-nascidos, começou a atrair a atenção na Baixada Santista, e o tema teve um impulso recente após a modelo e ex-BBB Gracyanne Barbosa compartilhar sua experiência com “Benício”, seu bebê reborn. Este mercado, que se firma como uma possibilidade de renda para inúmeras artesãs, tem gerado debates sobre seus impactos sociais e emocionais.
Bebês reborn em alta
Com a crescente demanda, as produtoras desses bonecos ganharam destaque, especialmente após a menção da influenciadora. Gracyanne, ao compartilhar a notícia de que “adotou” um bebê reborn, gerou tanto apoio quanto críticas. Enquanto alguns veem a prática como uma maneira saudável de lidar com desejos maternantes, outros questionam a adoração excessiva por objetos que imitam a vida.
As artesãs da região se dedicam com afinco à confecção dessas bonecas, que são personalizadas de acordo com as preferências dos clientes. A moradora de Santos, Suzana Feitoza Ribeiro Campos, de 42 anos, trocou sua carreira como sommelier pelo mundo das bonecas em 2015. Ela destaca que cada boneco é uma criação única, com preços a partir de R$ 1,9 mil, dependendo das especificações.
As histórias por trás das bonecas
Suzana explica que os moldes das bonecas chegam na forma de uma “tela em branco”, onde ela aplica tintas especiais e coloca fios de cabelo, criando características que vão ao encontro do desejo do cliente. “Eu compro todo o material e trabalho em casa. É minha fonte de renda,” comenta.
Já Sandra Araújo, de 48 anos, tem sua loja de roupas infantis no Guarujá, onde também comercializa bebês reborn. Diferente de Suzana, Sandra oferece apenas bonecas prontas, cujo valor inicial é de R$ 850. Ambas as artesãs incluem itens personalizados como certidões de nascimento e enxovais, o que torna a aquisição ainda mais especial.
Um hobby terapêutico
A produção e cuidado dos bebês reborn se tornaram para muitas mulheres uma forma de hobby e terapia. De acordo com Suzana, o trabalho pode oferecer uma sensação de acolhimento e calmaria. “Eu tenho mulheres colecionadoras que realmente amam. É uma terapia em muitos sentidos,” diz ela.
Marina Drummond, neuropsicóloga, ressalta que o ato de cuidar de bonecas pode ser um reflexo do desejo humano de cuidar e de ter um vínculo emocional. Ela alerta, no entanto, que se essa relação ultrapassar o limite do hobby e começar a substituir afetos reais, pode se tornar problemático. “É criar uma ‘realidade’ que não existe,” adverte. “As pessoas devem ter cuidado para não substituir a maternidade por um objeto.”
A aceitação social e a curiosidade
Embora a tendência de adquirir e colecionar esses bonecos esteja crescendo, a aceitação social ainda é desigual. Algumas mães admitem presentear suas filhas com bonecas reborn como uma forma de ensinar sobre cuidado e empatia. O mesmo se aplica a adultos, que muitas vezes encontram na compra dessas bonecas uma forma de lidar com suas próprias ansiedades e desejos.
Por outro lado, as críticas se manifestam, principalmente quando uma pessoa trata o bebê reborn como se fosse uma criança de verdade. Isso provoca um debate sobre o que é saudável – e o quanto a sociedade deve ou não aceitar esse comportamento. “É preciso ter a consciência do que é real e do que não é,” destaca Marina Drummond.
As artesãs da Baixada Santista não apenas criam essas bonecas, mas também trazem à tona a importância de discutir esses novos arranjos sociais. Através das suas histórias de vida e dos seus produtos, elas ajudam a moldar uma nova compreensão sobre o que significa cuidar e amar, mesmo que seja por meio de um bebê reborn. Se a tendência permanecer em crescimento, será interessante observar como a sociedade continuará a reagir a essa fusão de arte, saúde emocional e necessidades humanas.
Aproveite para conhecer mais sobre esses produtos únicos e quem sabe, adquirir um para você ou alguém especial!
