As exportações de carne bovina do Brasil para os Estados Unidos apresentaram um aumento impressionante de 498% em abril de 2025, quando comparadas ao mesmo mês do ano anterior. Essa elevação surpreendeu até os especialistas do setor, como destacou Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), em uma coletiva de imprensa realizada na última quinta-feira, 8.
Crescimento inesperado nas vendas
Perosa comentou que o Brasil entregou cerca de 48 mil toneladas de carne bovina aos Estados Unidos em abril de 2025, comparado a apenas 8 mil toneladas no mesmo período de 2024. Esse salto nas vendas ocorre em um contexto onde a oferta de gado nos EUA caiu para o menor nível em 80 anos, enquanto a demanda pela carne continua em alta.
Apesar da alta nas tarifas de importação implementadas pelo governo de Donald Trump, que subiram de 26,4% para 36,4%, a carne brasileira se tornou uma alternativa atrativa para os consumidores americanos, devido ao seu preço mais competitivo. “Os Estados Unidos estão comprando grandes volumes de carne, mesmo com o aumento da tarifa”, afirmou Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado.
Fatores que impulsionam a demanda
Os motivos para este aumento repentino das vendas estão relacionados a fatores econômicos e culturais. Perosa observou que os consumidores americanos mantêm uma forte tradição de consumo de carne, particularmente hamburgueres, que são populares no país. Essa forte demanda contínua, aliada à diminuição do rebanho bovino nos EUA, resulta em uma situação favorável para os exportadores brasileiros.
Além do mais, a carne americana está se tornando mais cara. De acordo com Iglesias, uma arroba do boi gordo no Brasil está em média entre US$ 54 e US$ 55, enquanto nos EUA esse preço pode chegar até US$ 120. “Isso significa que mesmo com tarifas elevadas, o Brasil continua competitivo nesse mercado”, ressalta Iglesias.
O impacto das tarifas de Trump
O governo dos EUA, sob a administração de Trump, implementou tarifas adicionais sobre a carne bovina importada, criando um cenário desafiador para os importadores. A nova taxa de 36,4% é aplicada na carne brasileira importada, mas, até certo ponto, isso não está desestimulando os compradores americanos. “O Brasil ainda consegue se beneficiar, pois possui uma margem de preço em relação à carne local”, enfatizou Perosa.
A participação do Brasil nesse mercado é significativa. O país é um dos poucos que conseguem ocupar uma cota de exportação com tarifa zero, que foi alterada para 10% recentemente e cuja utilização se esgota rapidamente. “Nosso país é o principal fornecedor que preenche essa cota, pois outros não têm a mesma capacidade de produção”, afirmou Perosa.
O futuro das exportações brasileiras de carne
Os especialistas acreditam que as exportações brasileiras para os EUA continuarão a crescer, mesmo com a competitividade da Austrália, que é o maior fornecedor de carne para o mercado americano. Contudo, a carne australiana e a brasileira servem a segmentos diferentes: enquanto os australianos são mais voltados para o varejo, o Brasil se destaca na venda de carne processada.
Com uma demanda robusta e um contexto econômico favorável, as perspectivas para as exportações de carne bovina do Brasil são promissoras. O mercado americano tem abraçado a carne brasileira, contribuindo para um crescimento significativo nas vendas e consolidando o Brasil como um dos principais fornecedores deste produto no mercado internacional.
O aumento das exportações de carne bovina notavelmente destaca a adaptação do Brasil às dinâmicas de um mercado global em constante mudança e a busca por oportunidades mesmo em meio a desafios econômicos.
Para mais informações sobre esse tema, acesse a [fonte](https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2025/05/09/venda-de-carne-bovina-do-brasil-aos-eua-dispara-500percent-em-abril-em-meio-a-tarifaco-de-trump.ghtml).
