A Unigel, uma das principais petroquímicas do Brasil, tomou uma decisão que afeta diretamente o setor de fertilizantes nacional ao recusar um acordo proposto pela Petrobras para reativar suas fábricas no Nordeste. As plantas, que estão paradas há dois anos, enfrentam desafios relacionados às condições econômicas e contratuais, levando a um imbróglio que já se arrasta por mais de um ano.
A recusa e suas implicações
Conforme rumores que circulavam desde o final de abril, a Unigel não concordou com a exigência da Petrobras de participar de uma licitação para a operação das fábricas de ureia e amônia. Este cenário é especialmente preocupante, já que a empresa baiana enfrenta um processo de recuperação judicial e precisa de soluções eficazes para garantir sua manutenção no mercado. O conselho de administração da Petrobras deve discutir extensões de prazo para acomodar os interesses da Unigel em uma reunião programada para esta sexta-feira, 9 de maio.
Contexto da negociação
A proposta inicial da Petrobras previa uma concessão significativa: a estatal abriria mão de um pleito de R$ 1,4 bilhão na justiça e ainda investiria R$ 200 milhões para que a Unigel reiniciasse operações. No entanto, a discussão se complicou quando alguns membros do conselho expressaram preocupação com a dispensa de licitação, que poderia resultar em acusações de irregularidades, tanto por parte do Tribunal de Contas da União (TCU) quanto do Ministério Público Federal (MPF).
A influência política desempenhou um papel vital nas negociações, com um grupo de políticos da Bahia, conhecido informalmente como “Clube da Bahia”, pressionando para evitar a falência da Unigel. A CEO da Petrobras, Magda Chambriard, tornou-se uma defensora do salvamento da Unigel devido a essa pressão, mas mesmo assim, a proposta final que necessitou de votação não conseguiu total apoio, resultando em uma divisão dentro do conselho.
Um cenário desafiador para a Unigel
A Unigel arrendou as fábricas da Petrobras em Sergipe e na Bahia em 2020, durante o governo de Jair Bolsonaro, que decidiu se afastar do setor. Contudo, a empresa enfrentou dificuldades financeiras, levando à paralisação das plantas em 2023, um quadro que se agravou em razão de aumentos no custo do gás natural – sua principal matéria-prima – e uma queda nos preços de ureia e amônia. Isso tornou a recuperação cada vez mais vital para a continuidade das operações.
Expectativas para o futuro
Agora, o desafio é encontrar uma solução que beneficie tanto a Unigel quanto a Petrobras, enquanto lida com a pressão política e as preocupações legais. Com a situação se arrastando há mais de um ano, é crucial que ambos os lados trabalhem rapidamente para evitar consequências ainda mais severas para o setor de fertilizantes, que é uma prioridade para o governo de Lula e para a gestão de Magda.
Conforme o cenário econômico e político continua evoluindo, será vital acompanhar as decisões do conselho de administração e a posição da Unigel nas próximos meses, especialmente considerando a importância estratégica das fábricas de fertilizantes para a economia nacional.