Brasil, 9 de maio de 2025
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Mais de 20 mil quilombolas vivem no Rio e enfrentam desafios

Quase 73% da população quilombola no Rio mora em áreas urbanas, com carência de direitos básicos, segundo dados do Censo 2022.

O último Censo Demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trouxe à tona dados significativos sobre a população quilombola no Brasil, revelando que mais de 20 mil pessoas se autodeclaram quilombolas no estado do Rio de Janeiro. A maioria dessa população, cerca de 73%, reside em áreas urbanas, colocando o Rio como o quarto estado brasileiro com a maior proporção de quilombolas vivendo nas cidades. No entanto, essa população enfrenta obstáculos significativos, especialmente no que diz respeito ao acesso a direitos fundamentais, como saneamento básico e educação.

Perfil da população quilombola no Rio de Janeiro

Segundo o IBGE, os dados obtidos oferecem um panorama mais profundo sobre as condições de vida dos quilombolas. A Zona Oeste da capital fluminense é um exemplo notável, onde se destaca o Quilombo Cafundá Astrogilda. Nesta comunidade, a cultura e a espiritualidade têm resistido ao longo do tempo. “Essa tradição vem da minha avó, da minha ancestralidade. O altar remete à força e à luta. Os santos venceram com a luta deles, e o quilombo também. A gente está aqui aquilombando”, compartilha Maria Lúcia dos Santos, benzedeira da comunidade, evidenciando a persistência das tradições quilombolas mesmo em ambientes urbanos.

Desafios enfrentados pela população quilombola

Apesar da concentração urbana, os desafios são alarmantes. Quatro em cada dez quilombolas no estado vivem em áreas com tratamento de esgoto precário, o que compromete a saúde e o bem-estar da população. Para agravar a situação, mais de 10% não têm acesso à coleta de lixo domiciliar, sendo que em muitas localidades, o descarte inadequado de resíduos ocorre através de queimadas ou em terrenos baldios. “A coleta de lixo não chega até aqui. Não sei por que cortaram. Já tem uns cinco, seis anos que não passa mais”, relata uma moradora que preferiu não se identificar.

Avanços no acesso à água e dados do IBGE

Por outro lado, é encorajador saber que mais de 90% da população quilombola no estado possui acesso à água potável, seja através da rede geral de distribuição, fontes, poços ou nascentes. Esses dados trazem um alívio, mas evidenciam que ainda há muito a ser feito para que os direitos básicos da comunidade sejam plenamente atendidos.

A técnica do IBGE, Maria Amélia Vila Nova, ressalta a importância desses dados para a elaboração de políticas públicas que atendam as necessidades específicas da população quilombola. “Tudo que estamos trazendo para a população quilombola é novidade. Esse olhar mais detalhado sobre os territórios e comunidades é essencial para ajustar investimentos e ações governamentais”, afirma ela, destacando que esses novos dados podem direcionar melhores práticas de inclusão e desenvolvimento social.

A luta por direitos e inclusão social

A população quilombola no Rio de Janeiro não é apenas um grupo demográfico, mas uma parte significativa da diversidade cultural e social do estado. Sua luta por reconhecimento e acesso a direitos básicos é uma questão que envolve não só o governo, mas toda a sociedade. A chamada para a ação é clara: a necessidade de uma mobilização para que esse grupo historicamente marginalizado tenha seus direitos garantidos.

À medida que os dados do Censo 2022 continuam a repercutir, espera-se que a visibilidade da população quilombola cresça e que as políticas públicas sejam adaptadas para atender suas necessidades de maneira justa e eficaz. O estado do Rio de Janeiro, com sua rica cultura quilombola, certamente pode se beneficiar de um engajamento mais forte em prol da inclusão e do respeito às tradições desses cidadãos.

É preciso que todos nós façamos nossa parte na luta pela igualdade e justiça social, lembrando que a diversidade é uma riqueza que todos devemos valorizar e proteger.

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