A inflação registrada em abril de 2025 apresentou uma desaceleração, marcando 0,43%, em comparação aos 0,56% verificados em março. No entanto, em um recorte de 12 meses, a taxa de inflação subiu para 5,53%, superando os 5,48% do período anterior. Esse contexto, segundo o economista Luis Otávio Leal, da G5 Partners, deve indicar um cenário complicado para os próximos meses.
Aceleração esperada para maio
Com a inflação que cresce no acumulado anual, as projeções indicam que o índice deve registrar uma nova alta em maio, atingindo 5,57%. Para Leal, a expectativa de desaceleração deve se concretizar apenas em junho, quando os preços dos alimentos tendem a sofrer reduções. A previsão é que a alimentação absolutamente registre um recuo de -0,14% no próximo mês, seguindo uma tendência que contempla quedas sucessivas em julho (-0,85%) e agosto (-0,79%). A partir de outubro, o setor alimentar voltará a apresentar sinais de alta, embora a inflação geral ainda mostre uma trajetória de queda, encerrando o ano em 5,23%, segundo as estimativas de Leal.
Perspectivas para os preços de alimentos
O economista André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, destacou que a pressão maior da inflação ainda vem do aumento nos preços dos alimentos, que ficou em torno de 0,80% em abril. Ele menciona também que produtos farmacêuticos contribuíram para a alta, devido ao reajuste dos medicamentos que ocorreu a partir de março. Essa pressão deve continuar em maio, especialmente com o impacto da bandeira amarela nas tarifas de energia elétrica.
“Em abril, a energia se comportou como âncora, já que as tarifas caíram por conta das reduções nos impostos, especialmente no PIS e no COFINS. Contudo, em maio, a expectativa é que essa conta suba novamente devido à bandeira amarela”, afirmou Braz, que considera que esses dados corroboram a decisão recente do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar os juros, visando combater a inflação ainda muito acima da meta estabelecida.
Expectativas sobre a Selic
Embora muitos analistas acreditem que a recente elevação da taxa Selic para 14,75% tenha sinalizado o fim do ciclo de alta, Leal expressou incertezas após os dados de abril. Ele observou que a estrutura dos índices inflacionários foi preocupante, com os núcleos e os serviços apresentando aumento acima do esperado. Isso poderá influenciar as decisões do Copom em futuras reuniões.
“Ainda esperamos que a Selic permaneça em 14,75%, mas os números atuais trazem uma nova indecisão. Temos que considerar todas as implicações desses resultados e como isso pode afetar a inflação nos próximos meses”, disse Leal.
Dados do IPCA e previsões
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que indica a inflação oficial do Brasil, mostrou altos e baixos recentemente, mas com uma tendência de alta a longo prazo. As projeções indicam que, em junho, o IPCA deverá cair para 5,42%, apesar de que há uma leve expectativa de que em julho e agosto ainda se continue apresentando altas.
Abaixo, estão as previsões projetadas pelo economista Luis Otávio Leal sobre a variação mensal da alimentação e o IPCA acumulado em 12 meses:
Previsão da alimentação em domicílio
- Maio: 0,10%
- Junho: -0,14%
- Julho: -0,85%
- Agosto: -0,79%
- Setembro: -0,16%
- Outubro: 0,82%
- Novembro: 1,34%
- Dezembro: 1,25%
Previsão do IPCA acumulado em 12 meses
- Maio: 5,57%
- Junho: 5,42%
- Julho: 5,37%
- Agosto: 5,53%
- Setembro: 5,44%
- Outubro: 5,28%
- Novembro: 5,25%
- Dezembro: 5,23%
Em suma, apesar da desaceleração observada em abril, a inflação permanece uma preocupação significativa, com análises que apontam para pressões futuras, especialmente nos preços de alimentos e tarifas de energia. O acompanhamento da situação continuará crucial para entender as decisões futuras do Copom na condução da política monetária no Brasil.