No último domingo (4), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu em Los Angeles, na Califórnia, com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent. Durante o encontro, Haddad transmitiu as preocupações dos países da América do Sul em relação à política tarifária adotada pelo governo de Donald Trump, nomeada de “tarifaço”. A expectativa é que esse diálogo possa abrir um canal de comunicação sobre as tarifas que impactam a relação comercial entre as regiões.
A apreensão sul-americana com o “tarifaço”
O “tarifaço” se refere a aumentos em tarifas e restrições comerciais que, segundo Haddad, configuram uma anomalia para parceiros comerciais que, historicamente, têm mantido uma relação de dependência mútua. Durante a coletiva após o encontro, o ministro afirmou: “Tarifar uma região que deve uma coisa não me parece muito razoável. Fiz chegar a ele essa manifestação, e ele próprio reconheceu que é uma anomalia taxar quem compra de você.”
Diálogo aberto entre Brasil e Estados Unidos
O encontro teve como finalidade alinhar interesses e explorar a possibilidade de investimentos no setor de data centers. Haddad enfatizou que a conversa foi não apenas sobre o Brasil, mas também sobre a América do Sul como um todo, destacando que a região está sendo afetada desproporcionalmente por tarifas que favorecem outras economias. “Ele [Bessent] compreendeu que eu falava não só em nome do Brasil, mas de um país que, somado, é importante na região”, continuou Haddad.
Além de reafirmar a sua posição sobre as tarifas, o ministro buscou destacar a importância da relação entre os dois países, especialmente no contexto atual em que os Estados Unidos apresentam superávit comercial com a América do Sul. “É não razoável tratá-la de maneira equivalente a países que têm superávits comerciais enormes”, completou.
Expectativas futuras
Com esse encontro, o ministro Haddad deixou claro que existe espaço para um diálogo aberto entre o Brasil e os Estados Unidos. “Entendi da fala dele que esse tipo de assunto [apreensão com as medidas protecionistas] não é tabu e vai ser tratado com a devida responsabilidade e seriedade”, disse Haddad em coletiva.
A reunião foi parte de uma viagem oficial de Haddad aos EUA, visando captar investimentos para o Brasil, especialmente na área tecnológica e de infraestrutura. A expectativa é que, através desse tipo de diálogo, o Brasil possa assegurar melhores condições comerciais e capturar investimentos que beneficiem o desenvolvimento econômico do país.
Além da conexão econômica entre os dois países, a conversa sobre tarifas e comércio se torna ainda mais necessária em meio a um cenário global de incertezas econômicas. O Brasil, que busca um crescimento sustentável e robusto, necessita de parcerias sólidas que garantam um tratamento mais justo nas relações comerciais.
O ministro da Fazenda finalizou mencionando que este é apenas o primeiro passo em um longo caminho para restabelecer relações comerciais saudáveis, que favoreçam tanto o Brasil quanto os EUA, considerando que o crescimento deve ser um esforço conjunto e respeitoso entre as nações.
Por fim, o futuro econômico do Brasil pode depender dessa habilidade de negociação e diálogo franco com parceiros comerciais, especialmente em épocas de crises e desafios globais. Esta interação não apenas reforça posições políticas, mas também abre espaço para o crescimento econômico desejado pelos brasileiros.