Brasil, 9 de maio de 2025
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Dados do Censo 2022 revelam aumento da população quilombola em áreas rurais

O Censo 2022 mostra que 62% dos quilombolas vivem em áreas rurais, revelando um importante aspecto da demografia dessa população.

Uma nova análise do Censo 2022, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trouxe à tona dados intrigantes sobre a população quilombola no Brasil. A pesquisa revelou que 62% dos 1.330.186 quilombolas do país habitam áreas rurais, em contraste com a maior parte da população brasileira, que tem se urbanizado. Essa realidade foi destacada pela pesquisadora do IBGE, Marta de Oliveira Antunes, que sugeriu que essa situação se relaciona diretamente com a história de escravização e resistência dessas comunidades ao longo dos séculos.

A relação entre quilombolas e áreas rurais

Segundo o Censo, esse é o primeiro levantamento que incluiu perguntas específicas para identificar indivíduos que se autodenominam quilombolas, o que faz com que os dados a respeito dessa população sejam inéditos e de suma importância. “É uma descoberta, nós temos ainda um grupo populacional no nosso país que é majoritariamente rural, e isso é um dado muito relevante. Às vezes achamos que o rural está em extinção”, declarou o pesquisador do IBGE, Fernando Souza Damasco.

Os dados indicam que nas comunidades quilombolas oficialmente reconhecidas, essa proporção é ainda mais acentuada, com mais de 87% vivendo em áreas rurais. Essa informação pode servir como uma referência valiosa para órgãos públicos na formulação de políticas específicas para atender às necessidades dessas populações.

Dinâmica de gênero nas comunidades quilombolas

O levantamento também trouxe à tona questões de gênero, revelando que as mulheres quilombolas em ambiente urbano estão em busca de melhores oportunidades de emprego e educação. A pesquisa mostrou que, nas áreas urbanas, para cada 92 homens quilombolas, existem 100 mulheres. Em contrapartida, nas áreas rurais, a proporção é de 105 homens para cada 100 mulheres.

Esta dinâmica de gênero indica que as mulheres estão se mobilizando e fazendo esforços para deixar as áreas rurais em busca de melhores condições de vida. Marta Antunes comentou que “esses números mostram que as mulheres estão em busca de melhores oportunidades, em busca de estudos e trabalho”.

Concentração geográfica da população quilombola

Outra informação relevante do Censo 2022 é a concentração geográfica da população quilombola. O Nordeste do Brasil abriga quase 70% dos quilombolas, com destaque especial para os estados da Bahia e do Maranhão, que juntos representam 50% dessa população no país. Além disso, quase um terço dos quilombolas do Brasil reside na Amazônia Legal.

É importante ressaltar que 87,41% dos quilombolas vivem fora dos territórios oficialmente delimitados, o que evidencia a luta por reconhecimento e direitos dessas comunidades. A educação também é uma questão crítica, já que o índice de analfabetismo entre quilombolas é quase três vezes maior do que o da população total do país.

Implicações para políticas públicas

Diante desse cenário, os pesquisadores do IBGE afirmam que esses dados deverão ser considerados por órgãos públicos ao elaborar políticas de inclusão e assistência a essas comunidades. “Entender a realidade dos quilombolas é fundamental para que as ações governamentais sejam eficazes”, concluiu Antunes.

O panorama apresentado neste censo oferece uma nova perspectiva sobre a população quilombola e sua resistência ao longo de gerações. É um passo importante para o reconhecimento das profundas raízes culturais e sociais que esses grupos representam no Brasil.

Essas descobertas não só trazem à tona a necessidade de um olhar atento para as especificidades da vida quilombola, mas também ressaltam a importância de promover ações que garantam os direitos sua autônoma e dignidade. Este é um chamado à ação para a sociedade e para o governo, no sentido de abraçar a diversidade que caracteriza o nosso país.

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